tag:blogger.com,1999:blog-73425142126913074942024-03-14T02:22:56.967-07:00osseva odaLUnknownnoreply@blogger.comBlogger100125tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-41267965161668277722014-04-08T18:38:00.002-07:002014-04-08T18:38:36.915-07:00Isto que não sossegaIsto não é sobre você, é sobre a reta final, o livro abandonado na metade, o desenho largado na gaveta.<br />
Isto não é sobre você, é sobre os planos para o ano que vem, a espera da carta de aceite, a conta prestes a vencer.<br />
Isto não é sobre você, é sobre a bicicleta encostada, o cabelo cada dia mais curto, a tatuagem que deixei pela metade.<br />
Isto não é sobre você, é sobre os amigos cada vez mais distantes e a solidão cada vez mais confortável.<br />
Isto não é sobre você, é sobre o nó na garganta, a dor de estômago, o choro contido.<br />
<div>
<br /></div>
<span id="goog_1179079375"></span><span id="goog_1179079376"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvVzrhSq1GBMb_zGpJnD1I8rn4dvhUzzVMvZuB-s6EDyB1Bx3fWdlGPBFoF25ENKXGyPKyjztDWFpEDCbBT2v81w9B4r7M9TSlrSpLKF4f8sZSVa9IQbr6kt7CXoVIZsRrzNDHce2I5vc6/s1600/n%C3%A3o+%C3%A9+sobre+voc%C3%AA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvVzrhSq1GBMb_zGpJnD1I8rn4dvhUzzVMvZuB-s6EDyB1Bx3fWdlGPBFoF25ENKXGyPKyjztDWFpEDCbBT2v81w9B4r7M9TSlrSpLKF4f8sZSVa9IQbr6kt7CXoVIZsRrzNDHce2I5vc6/s1600/n%C3%A3o+%C3%A9+sobre+voc%C3%AA.jpg" height="223" width="320" /></a></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-32413855116976244732014-01-03T18:11:00.000-08:002014-01-03T18:11:33.377-08:00Experiência de vida não é viajar pra Europa<br />
<br />
Experiência apanhar na cara, levar soco no estômago, e ainda ter que sair caminhando<br />
Experiência é acordar às 5h, sair de casa às 6h e voltar às 23h depois de um dia fodido<br />
Experiência é trabalhar um mês inteiro e ver seu dinheiro ir embora com as contas de água, luz, telefone<br />
<br />
Porque ir à Disney aos 15 anos não nos ensina a viver<br />
Desaprender oito horas por dia é que ensina os princípios<br />
<br />
e a vida é duraUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-87626701842716023662013-04-28T16:55:00.001-07:002013-04-28T16:55:00.794-07:00O que importa é o que te quebra em duas cidades.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-15651927071087248822012-08-08T11:09:00.003-07:002012-08-08T11:09:24.036-07:00A vida tem mais graça quando a gente tá esperando um pacote dos correios.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-36919507910390396382012-07-21T16:03:00.002-07:002012-07-25T18:27:20.457-07:00O ser e o nada (ou sobre o bom mau uso de expressões)<br />
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Apesar de o título desse projeto de texto ser homônimo a algum livro do Jean-Paul Sartre, nada ele terá a ver com o livro, primeiro porque eu não li (juro que já tentei) e segundo porque eu não sei exatamente sobre o que eu vou começar a escrever aqui, apenas achei que isso daria um tom mais cult ao meu texto e ser cult é fundamental para ser lido nesses tempos de pós pós pós modernidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
E tudo isso me faz lembrar o dia em que eu estava tentando terminar um projeto de artigo (as coisas que faço nunca são fato, sempre são projetos) e descobri que o Antônio Cândido me ajudaria a finalizar. Passei pela biblioteca e puxei o primeiro livro do Tonho e o primeiro capítulo se chamava "Dialética da Malandragem". Como eu tava escrevendo sobre um bróder que fazia releituras sobre as músicas de outras pessoas e fazia sucesso assim, achei que Malandragem tinha tudo a ver com ele e que Dialética daria um tom mais acadêmico ao meu texto, por isso aluguei o livro e trouxe pra casa. Li o primeiro capítulo e descobri que nada daquilo serviria para o que eu procurava, mas mesmo assim usei a expressão "Dialética da Malandragem" no meu texto e ainda dei créditos ao Toinho. Acho que isso é o que pode se chamar de dialética da malandragem na prática.</div>
<div style="text-align: justify;">
Isso que eu fiz é o que eu chamo de Livre Associação, que nada tem a ver com a Livre Associação proposta por Freud pra fazer com que o inconsciente de seus pacientes se manifestasse através de atos-falhos ou je ne sais quoi (não-sei-o-quê em francês, pra dar o tom cult). Essa livre associação proposta por mim seria a incorporação de uma expressão apenas para dar ao texto/discurso um tom mais chique-à-vontade, cult, acadêmico, literário ou je ne sais quoi.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma “Livre Associação” que vem sendo feita há anos-luz (!) é o uso do “Literalmente”, que está sendo LITERALMENTE banalizado. E com essa afirmação, dispensam-se exemplos do mau-uso, ops, da livre associação feita com essa expressão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se Freud começar a se revirar no túmulo pelo “mau uso” que estou fazendo da expressão que ele há de ter criado com tanto zelo, perdoar-me-á (mesóclise pra ficar cool) quando perceber que eu não sabia sobre o que escrever e comecei a fazer livres associações (do tipo proposto por ele) até chegar a essa última linha e esse ponto final.</div>
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</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-18278528364476487292012-04-08T14:34:00.003-07:002012-04-08T15:42:50.830-07:00Crimideia<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; ">Foram tantos crimes cometidos em pensamento. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; "><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; ">Tantos pescoços foram esganados, pisoteados e tantas armas de fogo foram disparadas na direção de cérebros e corações. Foi tanto rancor descontado em pensamentos nojentos, sem censura. Tantos corpos foram rasgados com faca de cortar pão ainda vivos, tantas vísceras foram expostas ao público que passava e ria. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; "><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; ">"Quem vai moralizar o pensamento?", pergunta Nelson Rodrigues. Ninguém, respondo eu com a imagem de um amontoado de gente envolta em sangue. Gente com rostos conhecidos, que me pedem um pouco de dó e eu grito que jamais, porque aqui dentro sou livre para cometer o crime que desejar, aqui me livro de quem me incomodar. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; "><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; ">Meu pensamento é meu reino e aqui sou absoluta. Não permanece com sorriso estampado no rosto quem não me agrada, não permanece com vida quem me olha torto.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; "><br /></span></div><div style="text-align: justify;">E ninguém sabe disso. Ninguém supõe que atrás de um sorriso existe um campo de concentração maior que auschwitz. Existe um ditador pior do que Stalin, que ao atravessar o limite entre pensamento e ação olha e implora "digam que me amam e não penso mais"</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-86003186374131343152012-04-04T18:05:00.005-07:002012-04-04T18:26:14.894-07:00Poderia até pensar que foi tudo um sonho<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; ">De repente numa roda de amigos a conversa chega, sabe-se lá como, em "o que estávamos fazendo há exatamente um ano?" e o que aparentemente não passa de uma simples dinâmica de grupo te leva a parar e a pensar no nessa impermanência das situações em geral.</span></div><div style="text-align: justify;">A vida é puro verbo irregular, se agora sou agora deixei de ser e agora ainda serei. Eu fui, eu sou e eu serei simultaneamente. Nós fomos, nós somos e nós seremos. Tudo ao mesmo tempo agora. <span style="font-size: 100%; ">Ano passado passou e quem eu era passou e quem eu estou sendo há de passar e quem eu serei há se passar e até este texto há de passar. </span></div><div style="text-align: justify;">O presente não existe, diria a professora de fotografia, o fotógrafo vive na busca de antecipar o futuro. Mas só o fotógrafo?</div><div style="text-align: justify;">Pior do que o fotógrafo somos nós, meros "vivedores", que buscamos o tempo todo antecipar o amanhã anotando compromissos em nossas agendas e nem percebemos que quase nunca a consultamos e que acabamos mudando todos os nossos horários pelo ônibus que atrasa, pela chuva que cai, pelo despertador que não toca ou pelo simples esquecimento. </div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; ">Enquanto digito esta palavra minha cabeça antecipa esta aqui agora e agora esta e agora esta e agora esta. E agora ela me recorda Bruna Beber, que me diz que não quer se especializar em fabricar certezas.Tudo passa. Até o pra sempre é passado. E, se há poucos segundos eu pretendia escrever mais um parágrafo, agora já não vejo necessidade ou inspiração para tanto.</span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; ">É de se entregar à sorte.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-76386680343652859862012-03-22T06:15:00.000-07:002012-03-24T06:34:05.924-07:00E o mundo vai dar voltas sobre voltas ao redor de si<div style="font-family: Georgia, serif; font-size: 100%; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal; text-align: justify; "><span style="font-size: 100%; ">Diz o professor de Estética que toda criação bela provoca sensações que são advindas de empatia com o objeto ou de memórias que estão relacionadas com ele. Ainda tem o tal do </span><i style="font-size: 100%; ">flash aesthesis </i><span style="font-size: 100%; ">que é a experiência estética instantânea, é quando você ouve uma música e automaticamente se arrepia, chora, ri, detesta e tem vontade de quebrar o celular. </span></div><div style="font-family: Georgia, serif; font-size: 100%; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal; text-align: justify; "><span style="font-size: 100%; ">Tudo pode parecer uma grande besteira quando aprendido apenas em tese. Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão e que experiência a gente não transmite só com palavras. Mas você faz <i>download </i>de um CD que te indicam há miliano e ouve no ônibus enquanto tá lendo três textos, finalizando uma matéria, anotando os compromissos da semana e planejando uma desculpa pra dar por ter furado o cinema da semana passada, aí o Arnaldo vai lá e canta assim "Um dia desses você vai ficar lembrando de nós dois...". Você pára tudo pra ouvir aquela voz grave descrevendo os momentos de agonia pós-fim-de-relacionamento e pensa que maldita hora que resolveu baixar o CD porque de repente os olhos não se controlam e deixam escapar pequenas gotinhas de lágrima e aí você aprende o que é <i>flash aesthesis</i> e percebe que preferia não saber, mas ouve a música até o fim (você se identifica com a música, é bela, você quer mais e mais e mais, você, de alguma forma, se sente bem ouvindo aquilo) e telefona pra pedir desculpas pelo furo no cinema porque tem medo de um possível retorno dessas sensações de agonia-pós-fim-de-relacionamento.</span></div><div style="font-family: Georgia, serif; font-size: 100%; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal; text-align: justify; "><br /></div><div style="font-family: Georgia, serif; font-size: 100%; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal; text-align: justify; "><br /></div><div style="text-align: justify; "><span><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/bm7suC0Aq64" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe></span></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-9624991600631349812012-03-09T16:13:00.005-08:002012-03-09T18:21:55.947-08:00Do dicionário de filosofia<div style="font-weight: normal; font-style: normal; font-variant: normal; line-height: normal; text-align: justify; "><span>AMOR (gr. epcoç àyárvc\; lat. Amor, caritas; in. Love, fr. Amour, ai. Liebe, it. Amoré). </span></div><div style="font-weight: normal; font-style: normal; font-variant: normal; line-height: normal; text-align: justify; "><span><br /></span></div><div style="font-weight: normal; font-style: normal; font-variant: normal; line-height: normal; text-align: justify; "><span>Os significados que este termo apresenta na linguagem comum são múltiplos, díspares e contrastantes; igualmente múltiplos, díspares e contrastantes são os que se apresentam na tradição filosófica. Começaremos apontando os usos mais correntes da linguagem comum, para selecioná-los, ordená-los e utilizá-los como critério de seleção e organização dos usos filosóficos desse termo: d) em primeiro lugar, com a palavra A. designa-se a relação intersexual, <b>quando essa relação é seletiva e eletiva, sendo, por isso, acompanhada por amizade e por afetos positivos (solicitude, ternura, etc)</b>. Do A., nesse sentido, <b>distinguem-se freqüentemente as relações sexuais de base puramente sensual, que não se baseiam na escolha pessoal, mas na necessidade anônima e impessoal de relações sexuais</b>. Muitas vezes, porém, a mesma linguagem comum estende também para esse tipo de relações a palavra A., como quando se diz "fazer amor"; b) em segundo lugar, a palavra A. designa uma vasta gama de relações interpessoais, como quando se fala do A. entre amigos, entre pais e filhos, entre cidadãos, entre cônjuges; c) em terceiro lugar, fala-se do A. por coisas ou objetos inanimados: p. ex., A. ao dinheiro, a obras de arte, aos livros, etc.; d) em quarto lugar, fala-se de A. a objetos ideais: p. ex., A. à justiça, ao bem, à glória, etc; é) em quinto lugar, fala-se de A. às atividades ou formas de vida: A. ao trabalho, à profissão, ao jogo, ao luxo, ao divertimento, etc.;/) em sexto lugar, fala-se de A. à comunidade ou a entes coletivos: A. à pátria, ao partido, etc; g) em sétimo lugar, fala-se de A. ao próximo e de A. a Deus</span></div><div><div style="font-weight: normal; font-style: normal; font-variant: normal; line-height: normal; text-align: justify; "><span>Sem dúvida, alguns desses significados podem ser eliminados por impróprios, já que podem ser expressos e designados mais exatamente por outras palavras. Assim: d) <b>a relação intersexual só pode ser chamada de A. quando é de base eletiva e implica o compromisso recíproco. Evitar-se-á, assim, chamar de "A." a relação sexual ocasional ou anônima</b>. No que diz respeito aos usos indicados em c) (isto é, A. a objetos inanimados), está claro que, aí, a palavra A. está por desejo de posse, quando tal desejo atinge a forma dominante da paixão. E, no que tange aos usos indicados em d) (A. a objetos ideais), está também claro que a palavra "A." está aí a indicar certo compromisso moral, capaz de fixar limites e condições à atividade do indivíduo. Enfim, no que diz respeito a é) (A. a atividades, etc.) a palavra "A." está a indicar certo interesse mais ou menos dominante, isto é, mais ou menos incorporado na personalidade do indivíduo, ou até mesmo uma "paixão". Portanto, pode-se tomar em consideração, como significados próprios e irredutíveis da palavra "A.", as acepções indicadas em (d), (£). (/"), Cg)- Esses usos revelam de imediato certas afinidades de significado: ls o A. designa, em todos os casos, um tipo específico de relação humana, caracterizado pela solidariedade e pela concórdia dos indivíduos que dele participam; 2Q o desejo, em particular o desejo de posse, não se inclui necessariamente na constituição do A., pois, se é discutível que se inclua no A. sexual, deve ser totalmente excluído do A. de que se fala em (b), (/"), (g); 3Q o caráter específico da solidariedade e da concórdia, que constituem o A., não pode ser determinado de uma vez por todas, já que é diferente, segundo as formas ou as espécies diversas do A. e implica também graus diversos de intimidade, de familiaridade e de emotividade. P. ex., o A. entre homem e mulher, entre pai e filho, entre cidadãos ou entre homens que se considerem como "próximos" tem diferentes bases biológicas, culturais e sociais e não permite a reunião sob o mesmo tipo ou a mesma forma de solidariedade, de concórdia e de co-participação emotiva. Será necessário, portanto, ter em mente essa diversidade ao se considerar o uso que os filósofos fizeram desse termo, já que não raro esse uso é modelado por um ou mais tipos particulares de experiência amorosa.</span></div><div style="text-align: justify; "><div style="font-weight: normal; "><span>Os gregos viram no A. sobretudo uma <b>força unificadora e harmonizadora</b>, que entenderam baseada no A. sexual, na concórdia política e na amizade. Segundo Aristóteles {Mel, I, 4,984 b 25 ss.), Hesíodo e Parmênides foram os primeiros a sugerir que o A. <b>é a força que move as coisas, que as une e as mantém juntas</b>. Em-pédocles reconheceu no A. a força que mantém unidos os quatro elementos e, na discórdia, a força que os separa: o reino do A. é o esfero, a fase culminante do ciclo cósmico, na qual todos os elementos estão ligados na mais completa harmonia. Nesse fase, não há nem sol nem terra nem mar, porque não há nada além de um todo uniforme, uma divindade que frui a sua solidão {Fr. 27, Diels). Platão nos deu o primeiro tratado filosófico do A.: nele foram apresentados e conservados os caracteres do A. sexual; ao mesmo tempo, tais caracteres são generalizados e sublimados. Em primeiro lugar, <b>o A. é falta, insuficiência, necessidade e, ao mesmo tempo, desejo de conquistar e de conservar o que não se poss</b>ui (O Banq., 200 a, ss.). Em segundo lugar, o A. dirige-se para a beleza, que outra coisa não é senão o anúncio e a aparência do bem, logo, desejo do bem (ibid., 205 e). Em terceiro lugar, <b>o A. é desejo de vencer a morte (como demonstra o instinto de gerar, próprio de todos os animais) e é, portanto, a via pela qual o ser mortal procura salvar-se da mortalidade, não permanecendo sempre o mesmo, como o ser divino, mas deixando após si, em troca do que envelhece e morre</b>, algo de novo que se lhe assemelha (Jbid., 208 a, b). Em quarto lugar, Platão distingue tantas formas do A. quantas são as formas do belo, desde a beleza sensível até a beleza da sabedoria, que é a mais elevada de todas e cujo A., isto é, a filosofia, é, por isso mesmo, o mais nobre iibid., 210 a, ss.). Em Fedro, a finalidade é mostrar o caminho pelo qual o A. sensível pode tornar-se amor. pela sabedoria, isto é, filosofia, e o delírio erótico pode tornar-se uma virtude divina, que afasta dos modos de vida usuais e empenha o homem na difícil procura dialética (Fed., 265 b. ss.). Essa doutrina platônica do A., ao mesmo tempo em que contém os elementos de uma análise positiva do fenômeno, oferece também o modelo de uma metafísica do A., que seria retomada várias vezes na história da filosofia. Aristóteles, ao contrário, detém-se na consideração positiva do amor. Para ele o A. é A. sexual, afeto entre consangüíneos ou entre pessoas de algum modo unidas por uma relação solidária, ou amizade (v.). Em geral, o A. e o ódio, como todas as outras afeições da alma, não pertencem à alma como tal, mas ao homem enquanto composto de alma e corpo (Dean., 1,1, 403 a 3) e, portanto, enfraquecem-se com o enfraquecimento da união de alma e corpo (Jbid., I, 4, 408 b 25). Aristóteles também reconhece no A. o <b>fundamento de necessidade, imperfeição ou deficiência</b>, em que Platão insistira. A divindade, diz ele, não tem necessidade de amizade, pois é o seu próprio bem para si mesma, enquanto para nós o bem vem do outro (Et. eud., VII, 12, 1.245 b 14). O A. é, portanto, um fenômeno humano e não é de estranhar que Aristóteles não tenha feito nenhum uso dele em sua teologia. Ele é uma afeição, isto é, uma modificação passiva, enquanto a amizade é um hábito, uma disposição ativa (Et. nic, VIII, 5,1.157 b 28). Ao A. unem-se a tensão emotiva e o desejo: ninguém é atingido pelo A. se não foi antes ferido pelo prazer da beleza; mas esse prazer de per si não é ainda A., que só se tem quando se deseja o objeto amado que está ausente e se anseia por ele quando presente (ibid., IX, 5, 1.167 a 5). O A. que está ligado ao prazer pode começar e acabar rapidamente, mas pode também dar lugar à vontade de conviver; neste caso, assume a forma da amizade (ibid., VIII, 3, 1.156 b 4). Se a análise aristotélica do A. é desprovida de referências metafísicas e teológicas, convém recordar que a ordenação finalista do mundo e a teoria do primeiro motor imóvel levam Aristóteles a dizer que Deus, como primeiro motor, move as outras coisas "como objeto de A.", isto é, como termo do desejo que as coisas têm de alcançar a perfeição dele (Met., XII, 7, 1.072 b 3). Essas palavras serão muito empregadas pela filosofia medieval. Ao findar da filosofia grega, o neoplatonismo utilizou a noção de A. não para definir a natureza de Deus, mas para indicar uma das fases do caminho que conduz a Deus. O Uno de Plotino não é A., porque é unidade inefável, superior à dualidade do desejo (Enn., VI, 7, 40). Mas o A. </span>é o caminho preparatório que conduz à visão dele, porque o objeto do A., segundo a doutrina de Platão, é o bem, e o Uno é o bem mais alto (ibid., VI, 7, 22). O Uno, portanto, é o verdadeiro termo e o objeto último e ideal de todo A., conquanto não seja através do A. que o homem se une a Ele, mas através da intuição, de uma visão em que o vidente e o visto se fundem e se unificam (ibid., VI, 9, 11). Com o Cristianismo, a noção de A. sofre uma transformação; de um lado, é entendido como relação ou um tipo de relação que deve estender-se a todo "próximo"; de outro, transforma-se em um mandamento, que não tem conexões com as situações de fato e que se propõe transformar essas situações e criar uma comunidade que ainda não existe, mas que deverá irmanar todos os homens: o reino de Deus. O A. ao próximo transforma-se no mandamento da não resistência ao mal' (MATEUS, 5, 44), e a parábola do bom Samaritano (LUCAS, 10, 29 ss.) tende a definir a humanidade à qual o A. deve dirigir-se, não no seu sentido composto, mas no seu sentido dividido, como cada pessoa com quem cada um entre em contato; a qual, exatamente como tal, faz apelo à solicitude e ao A. do cristão. Além disso, na concepção cristã, o próprio Deus responde com A. ao A. dos homens; por isso, seu atributo fundamental é o de "Pai". As Epístolas de S. Paulo, identificando o reino de Deus com a Igreja e considerando a Igreja o "corpo de Cristo", cujos membros são os cristãos (Rom., 12,5 ss.), fazem do A. (àyáw[\), que é o vínculo da comunidade religiosa, a condição da vida cristã. Todos os outros dons do Espírito, a profecia, a ciência, a fé, nada são sem ele. <b>"O A. tudo suporta, em tudo crê, tudo espera, tudo sustenta... Agora há fé, esperança, amor, três coisas; mas o amor é a maior de todas"</b> (Cor., I, 13, 7-13). A elaboração teológica sofrida pelo Cristianismo no período da Patrística não utilizou, no princípio, a noção de A. Nos grandes sistemas da Patrística oriental (Orígenes, Gregório de Nissa), a terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo, é entendida como uma potência subordinada e de caráter incerto: daí, também, as freqüentes discussões trinitárias que o concilio de Nicéia (325) não logrou eliminar de todo. Somente por obra de S. Agostinho, com a identificação do Espírito Santo ao A. (enquanto Deus Pai é o Ser e Deus Filho é a Verdade), o A. é introduzido explicitamente na própria essência divina e torna-se um conceito teológico, além de moral e religioso. O A. a Deus e o A. ao próximo unem-se em S. Agostinho, quase formando um conceito único. Amar a Deus significa amar o A.; mas, diz Agostinho, "não se pode amar o A. se não se ama quem ama". Não é A. o que não ama ninguém. Por isso, o homem não pode amar a Deus, que é o A., se não amar o outro homem. O A. fraterno entre os homens "não só deriva de Deus, mas é Deus mesmo" (De Trin., VIII, 12): é a revelação de Deus, em um de seus aspectos essenciais, à consciência dos homens. Contudo, em S. Agostinho, a noção de A. ainda é a mesma dos gregos: uma espécie de relação, união ou vínculo que liga um ser ao outro: quase "<b>uma vida que une ou tende a unir dois seres, o amante e o que se ama"</b> (ibid., VIII, 6). Essas idéias de Agostinho são retomadas freqüentemente durante todo o desenvolvimento de uma das principais correntes da Escolástica medieval, o agostinismo (v.): por João Scotus Erigena e João Duns Scot. Scotus Erigena diz: <b>"O A. é a conexão e o vínculo pelo qual todas as coisas são ligadas em amizade inefável e em indissolúvel unidade...</b> Com justiça, diz-se que Deus é A., porque eje é causa de A. e o A. difunde-se através de todas as coisas, reúne-as todas na unidade e as reconduz ao seu inefável ponto de partida: o movimento de A. de toda criatura tem o seu termo em Deus" (De divis. nat., I, 76). E Duns Scot afirma que Deus gera o Verbo conhecendo a Sua própria essência e exala o Espírito Santo amando esta essência. Desse modo, o A. eterno é a origem e a causa de toda comunicação da essência divina e, embora esse ato não seja "natural", porque é um ato de vontade, é todavia necessário (Op. Ox., I, dist. 10, q. 1, ns 2). Comentários análogos reaparecem freqüentemente na corrente mística (v. MISTICISMO), enquanto na corrente aristotélica o uso teológico da noção de A. é muito mais restrito, preferindo-se ilustrar a natureza divina com base nos conceitos de ser, substância e causalidade. Contudo, em toda a Escolástica, são repetidas as idéias de Aristóteles sobre a amizade, oportunamente modificadas e adaptadas para caracterizar a natureza do A. cristão (caritas). Assim, S. Tomás afirma que é comum a toda natureza ter certa inclinação, que é o apetite natural ou o A. Essa inclinação é diferente nas diferentes naturezas e há, portanto, um A. natural e um A. intelectual; o A. natural é também um A. reto, por ser uma inclinação posta por</div><div style="font-weight: normal; ">Deus nos seres criados; mas o A. intelectual, que é caridade e virtude, é mais perfeito do que o primeiro; portanto, ao se acrescentar a ele, aperfeiçoa-o, do mesmo modo como a verdade sobrenatural se acrescenta à verdade natural, sem se lhe opor, e a aperfeiçoa (S. Tb., I, q. 60, a. 1). Quanto ao A. intelectual, isto é, à caridade, esta é definida por S. Tomás como "a amizade do homem por Deus", entendendo-se por "amizade", segundo o significado aristotélico, o A. que está unido à benevolência (amor benevolentiaé), isto é, <b>que quer o bem de quem se ama, e não quer simplesmente apropriar-se do bem que está na coisa amada </b>(amor concupiscientiae), como acontece com quem ama o vinho ou um cavalo. Mas a amizade supõe não só a benevolência como também o A. mútuo e, assim, funda-se em certa comunicação, que, no caso da caridade, é a do homem com Deus, que nos comunica a Sua bem-aventurança (ibid., II, 2, q. 23, a. 1). Essa comunhão é, segundo S. Tomás, o que há de próprio no A.: este é uma espécie de união ou vínculo (unio vel nexus) de natureza afetiva, semelhante à união substancial porquanto quem ama comporta-se em relação ao amado como em relação a si mesmo. Uma união real é também efeito do A., mas trata-se de uma união que não altera nem corrompe aqueles que se unem, mas se mantém nos limites oportunos e convenientes, fazendo, p. ex. que conversem e dialoguem ou que se unam de outros modos semelhantes (ibid., II, 1, q. 28, a. 1, ad 2). <b>Porquanto "amar" significa querer o bem de alguém</b>, o A. pertence à vontade de Deus e a constitui. Mas o A. de Deus é diferente do amor humano porque, enquanto este último não cria a bondade das coisas, mas a encontra no objeto pelo qual é suscitado, o A. de Deus infunde e cria a bondade nas próprias coisas (ibid., I, q. 20, a. 2). A especulação teológica sobre o A. retorna no platonismo renascentista, mas este acentua a reciprocidade do A. entre Deus e o homem, consoante a tendência, própria do Renascimento, de insistir no valor e na dignidade do homem como tal. Marsílio Ficino afirma que o A. é o liame do mundo e elimina a indignidade da natureza corpórea, que é resgatada pela solicitude de Deus (Theol. plat., XVI, 7). O homem não poderia amar a Deus, se o próprio Deus não o amasse; Deus volve-se para o mundo como um livre ato de A., cuida dele e torna-o vivo e ativo. O A. explica a liberdade da ação divina assim como a da ação humana, já que ele é livre e nasce espontaneamente da livre vontade (In Conv. Plat. de Am. Comm., V, 8). As mesmas palavras repetem-se em Diálogos de amor, de Leão Hebreu, que tiveram vastíssima difusão na segunda metade do séc. XVI. Mas também no naturalismo do Renascimento o A. retorna, às vezes, como força metafísica e teológica. Campanella julga que <b>as três primalidades do ser (isto é, os três princípios constitutivos do mundo) são o Poder, o Saber e o A</b>. (Met, VI, proêmio). O A. pertence a todos os entes porque todos amam o seu ser e desejam conservá-lo (ibid., VI, 10, a. 1). Nas três primalidades, a relação de um ser consigo mesmo precede a sua relação com o outro: <b>só se pode exercer </b><b>força sobre outro ser na medida em que se a exerce sobre si mesmo; assim, pode-se amar e conhecer o </b><b>outro ser só na medida em que se conhece e se ama a si mesmo</b> (ibid., II, 5, 1, a. 13). Em todas as coisas finitas as três primalidades misturam-se com os seus contrários: a potência com a impotência, a sapiência com a insipiência, o A. com o ódio. Somente em Deus, que é infinito, elas excluem tais contrários e existem em pureza e em absoluto (ibid., VI, proêmio). Trata-se, como se vê, de comentários que lembram os de Agostinho. E, na realidade, o uso metafísico e teológico da noção de A. pode ser considerado, na tradição filosófica, como uma contribuição do agostinismo, pelo menos até ao Romantismo, quando essa noção assume sentido panteísta, cujo precedente mais importante é Spinoza. É preciso ter em mente que o uso teológico da noção de A. implica não só que Deus é objeto de A. (o que não é negado por nenhuma concepção cristã da divindade), mas que Ele próprio ama: o que é algo completamente diferente e que se encontra só no agostinismo, no Romantismo e em algumas concepções que, como a de Feuerbach e do positivismo moderno, tendem a identificar Deus com a humanidade. Na realidade, o A., no seu conceito clássico, que tem como modelo a experiência humana,<b> tem como condição a falta— e portanto o desejo e </b><b>a necessidade—daquilo que se ama</b>; dificilmente pode ser atribuído a Deus, que, na sua plenitude e infinitude, está isento de qualquer deficiência. A concepção panteísta do A., p. ex., como a de Spinoza, de Schelling e de Hegel, resolve essa dificuldade só quando interpreta o A. como unidade ou consciência da unidade, isto é, de um modo que não encontra correspondência em qualquer tipo de experiência amorosa. A</div><div style="font-weight: normal; ">unidade, seja ela ou não consciente de si, nada tem a ver com o A. e é, aliás, a negação do A., porque exclui a relação e a comunidade que o constituem em todas as suas manifestações. E bastante óbvio que onde há uma só coisa não há nem quem ame nem quem seja amado. À tradição agostiniana podem-se referir as famosas palavras de Pascal: "O Deus de Abrão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó, o Deus dos Cristãos, é um Deus de A. e de consolação, é um Deus que enche a alma e o coração daqueles que Ele possui e lhes faz sentir interiormente a sua própria miséria e a misericórdia infinita d'Ele" (Pensées, 556, Brunschvicg). Mas é duvidoso que neste texto ou em outros semelhantes de Pascal se possa ver muito mais do que a noção de que Deus é— em primeiro lugar e sobretudo— objeto de amor. Quanto a Male-branche, afirma que Deus criou o mundo "para proporcionar-Se uma honra digna de Si" (Recherche de Ia vérité, IX) e que o Verbo disse: "É o meu poder que faz tudo, tanto o bem quanto o mal... por isso, deves amar somente a mim, porque ninguém fora de mim produz em ti os prazeres que experimentas por ocasião do que acontece no teu corpo" (Méditations chrétiennes, XII, 5); palavras que parecem excluir a doutrina de Deus como A. As apreciações de Descartes sobre o fenômeno A., em escala humana, são importantes.<b> "O A.", diz ele, "é uma emoção da alma, produzida pelo movimento dos espíritos vitais que a incita a unir-se </b><b>voluntariamente aos objetos que lhe parecem convenientes."</b> Porquanto é produzido pelos espíritos, o <b>A., que é uma afeição e depende do corpo, difere do juízo que também induz a alma, de sua livre vontade, a </b><b>unir-se às coisas que julga boas</b> (Pass. de l'âme, II, 79). O A. distingue-se, outrossim, do desejo, que é dirigido para o futuro; <b>permite, porém, que nos consideremos imediatamente unidos com o que amamos </b><b>"de tal modo que imaginamos um todo de que somos só uma parte e do qual a coisa amada é a outra </b><b>parte" </b>(ibid., 80). Descartes rejeita a distinção medieval entre A. de concupiscência e A. de benevolência porque, diz ele, essa distinção concerne aos efeitos do A., mas não à sua essência: na medida em que estamos unidos voluntariamente a algum objeto, qualquer que seja a natureza deste, <b>temos por ele um sentimento de benevolência e este é um dos principais efeitos do A</b>. (ibid., 81). Há, todavia, várias espécies de A., relativas aos diferentes objetos que possamos amar: o A. que um homem ambicioso sente pela glória, o pobre pelo dinheiro, o beberrão pelo vinho, um homem brutal por uma mulher que deseje violar, o homem honrado pelo amigo ou pela mulher e um bom pai pelos filhos são espécies diversas e todavia semelhantes de A. As quatro primeiras, porém, <b>são A. só à posse dos objetos para os quais a emoção se dirige e não são A. aos objetos em si mesmos</b>; as outras, no entanto, dirigem-se aos próprios objetos e desejam o bem deles (ibid., 82). Desta natureza é também a amizade, que, além do mais, está ligada à estima da pessoa amada; de tal modo que não se pode ter amizade por uma flor, um pássaro, cavalo, mas só pelos homens (ibid., 83)- Em geral, quando julgamos o objeto do A. inferior a nós mesmos, sentimos por ele simples afeto (v.); quando o julgamos igual a nós mesmos, sentimos amizade, e quando o julgamos superior a nós mesmos, sentimos devoção. Desta última, o principal objeto é, naturalmente, Deus, mas pode dirigir-se também à pátria, à cidade e a qualquer homem que julgamos muito superior a nós mesmos (ibid., 83). Na mesma linha, acha-se a análise de Hume, segundo a qual o A. é uma emoção indefinível, mas cujo mecanismo pode ser compreendido. A sua causa é sempre um ser pensante Chão se podem amar objetos inanimados) e o mecanismo com que essa causa age é constituído por uma dupla conexão: conexão de idéias— entre a idéia de si e a idéia do outro ser pensante—e conexão emotiva entre a emoção do A. e a do orgulho (que é a emoção que nos põe em relação com o nosso eu); ou entre a emoção do ódio e a da humildade (Diss. on thePassions, II, 2). Em geral, os escritores do séc. XVIII insistem na conexão do A. com a benevolência, que é a característica na qual Aristóteles insistira a propósito da amizade. Leibniz exprimiu essa noção do A. da forma mais clara, que deveria ser repetida numerosas vezes na literatura do século:<b> "Quando se ama sinceramente uma pessoa", diz ele (Op. Phil., ed. Erdmann, pp. 789-790), não se procura o próprio proveito nem um prazer </b><b>desligado do da pessoa amada, mas procura-se o próprio prazer na satisfação e na felicidade dessa pessoa; </b><b>e se essa felicidade não agradasse por si mesma, mas só pela vantagem que dela resultasse para nós, já </b><b>não se trataria de A. sincero e puro. É preciso, pois, que se sinta imediatamente prazer nessa felicidade e </b><b>que se sinta dor na infelicidade da pessoa amada, pois o que dá prazer imediato, por si mesmo, é também </b><b>desejado por si mesmo como constitutivo (ao menos em parte) do objetivo das nossas intenções e como </b><b>algo que faz parte da nossa própria felicidade e nos dá satisfação".</b> Segundo Leibniz, essa noção de A. elimina a oposição entre duas verdades, isto é, entre a que diz ser-nos impossível desejar outra coisa que não o nosso próprio bem, e a que diz não haver A. a não ser quando procuramos o bem do objeto amado por si mesmo e não para nossa própria vantagem. Tem também a vantagem, segundo Leibniz, de ser comum ao A. divino e ao A. humano porque exprime todos os tipos de A. "não mercenário", como, por ex., a caritas ou "benevolência universal" (Op.phil, p. 218). Subentende-se que, neste sentido, o A. pode voltar-se só para "o que é capaz de prazer ou de felicidade"; assim, não se pode dizer, a não ser por metáfora, que amamos as coisas ina-nimadas que nos dão prazer (Nouv. ess., II, 20,4). Apreciações desse gênero são bastante freqüentes nos escritores do séc. XVIII. Wolff diz que o A. é "a disposição da alma de sentir prazer pela felicidade alheia" (Psichol. empírica, § 633). E Vauvenargues afirma: "O A. é comprazer-se no objeto amado. Amar uma coisa significa comprazer-se em sua posse, em sua graça, em</div><div style="font-weight: normal; ">seu crescimento e temer a sua privação, o seu decaimento, etc." (De 1'esprit humain, § 24). Nenhum dos escritores do séc. XVIII põe em dúvida que o A. se baseia nos sentidos, pelo que se diferencia da amizade. Vauvenargues, por ex., diz: "Na amizade, o espírito é o órgão do sentimento; no A., são os sentidos" (ibid., § 36). E Kant parece admitir esse pressuposto quando distingue o A. baseado nos sentidos, ou "patológico", do A. "prático", isto é, moral, que é imposto pela máxima cristã "Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo". <b>O A. a Deus, como inclinação, diz Kant, é impossível, pois Deus não é um objeto dos sentidos. Outrossim, A. semelhante aos homens é possível, </b><b>mas não pode ser imposto, porque ninguém tem o poder de amar o outro por preceito. "Amar a Deus", </b><b>portanto, pode significar tão-somente "cumprir de bom grado os seus mandamentos"; e "amar ao </b><b>próximo", tão-somente "pôr em prática de bom grado todos os deveres para com ele". Mas, aqui, a </b><b>expressão "de bom grado" diz que a máxima cristã só obriga a aspirar a esse A. prático, mas que ele não é atingível pelos seres finitos. </b>Com efeito, seria inútil e absurdo "impor" o que se faz "de bom grado"; por isso, o preceito evangélico apresenta a intenção moral na sua perfeição total "como um ideal de santidade não atingível por nenhuma criatura e que, todavia, é o exemplo de que devemos procurar aproximar-nos pelo progresso ininterrupto, mas infinito" {Crít. R. Prática, I, I, cap. 3) (v. FANATISMO). </div><div style="font-weight: normal; "><div>A doutrina de Spinoza apresenta dois conceitos de A., dos quais o segundo seria utilizado pelos Românticos. Em primeiro lugar, o A., como qualquer outra emoção (affectus), é uma afecção da alma (passió) e consiste na alegria acompanhada pela idéia de uma causa externa (Et., III, 13 escól.). Nesse sentido, deve-se dizer com mais propriedade que Deus não ama ninguém, pois não está sujeito a nenhuma afecção (ibid., V, 17 corol.). Mas existe um "A. intelectual de Deus", que é a visão de todas as coisas na sua ordem necessária, isto é, na medida em que derivam, com eterna necessidade, da própria essência de Deus iibid., V, 29 escól.; 32 corol.). Este A. intelectual é o único eterno e é aquele com que Deus ama-se a si mesmo; de tal modo que o A. intelectual da mente para com Deus é parte do A. infinito com que Deus se ama a si mesmo. "Resulta", diz Spinoza, "que Deus, porquanto se ama a si mesmo, ama os homens e, por conseqüência, o A. de Deus aos homens e o A. intelectual da mente a Deus são a mesma coisa" (ibid., V, 36 corol.). Esse A. é aquilo em que consiste a nossa salvação ou bem-aventurança, ou liberdade; e é o que, nos livros sagrados, se chama "glória" (ibid., escól.). Está claro que já não é uma afecção, nem uma emoção no sentido que Spinoza deu a tais termos, mas é a pura contemplação de Deus, ou melhor, como a mente que contempla Deus não é senão um atributo de Deus, esse A. outra coisa não é senão a contemplação que Deus tem de si, como unidade de si mesmo e do mundo. Aqui, o conceito de A. deixa de referir-se à experiência humana: torna-se o conceito metafísico da unidade de Deus consigo mesmo e com o mundo, logo com todas as manifestações do mundo, inclusive os homens. Esse conceito tornar-se-ia central e dominante no Romantismo (v.) da primeira metade do séc. XLX, que se baseia inteiramente na tentativa de demonstrar a unidade (isto é, a total identidade e intimidade) de finito e Infinito. Schleiermacher faz dessa unidade, enquanto se revela na forma do sentimento, o fundamento da religião; Fichte, Schelling e Hegel fazem da mesma unidade— que colocam como princípio da razão—o fundamento da filosofia. Mas foi justamente essa unidade que permitiu aos Românticos elaborar uma teoria do A. pela qual o próprio A., mesmo voltando-se para coisas ou criaturas finitas, vê ou colhe, nelas, as expressões ou os símbolos do Infinito (isto é, do Absoluto ou de Deus).<b> Pela unidade de finito e Infinito, a aspiração ao Infinito pode ser satisfeita ainda no mundo finito, p. ex., no A. à mulher. A., poesia, unidade de finito e Infinito e sentimento dessa unidade vêm a ser sinônimos para os românticos. </b>Friedrich Schlegel talvez seja quem melhor expressou esses conceitos. "A fonte e a alma de todas as emoções é o A.; e, na poesia romântica, o espírito do A. deve sempre estar presente; invisível e visível... As paixões galantes de que não se pode fugir na poesia moderna, do epigrama à tragédia, são o grau mínimo desse Espírito, ou melhor, conforme o caso, a sua letra extrínseca, ou absolutamente nada, ou algo de não amável e desprovido de A. Não, o que nos comove nos sons da música é o Sopro divino. Ele não se deixa tomar à força nem agarrar mecanicamente, mas deixa-se atrair amoravelmente pela beleza mortal para nela velar-se: também as palavras mágicas da poesia podem ser penetradas e animadas por sua força. Mas, na poesia onde o Sopro não está ou não pode estar em toda parte, ele não está em absoluto. Ele é uma Substância infinita que não anui com pessoas, ocasiões, situações e tendências individuais nem por elas se interessa: para o verdadeiro poeta, todas essas coisas, mesmo que a sua alma lhes esteja intimamente afeta, são apenas o indício do Altíssimo, do Infinito, são o hieróglifo do único e eterno A. e da sagrada plenitude de Vida da natureza plasmadora" {Prosaischen Jugendschriften, ed. Minor, II, p. 371). A poesia torna-se, assim, um análogo do A. e o A., como anseio do Infinito, isto é, de Deus, do Universo, do Eterno, pode satisfazer-se e encontrar a paz no finito, nas criaturas do mundo. Em Discípulos de Sais, de Novalis, Jacinto, que partira à procura da deusa velada Isis, acaba encontrando, sob o véu da deusa, Florinha de rosa, isto é, a menina amada que ele abandonara para sair em busca de Sais. O sentimento, em particular o A., revela o último mistério do Universo. Hegel exprimiu com as fórmulas mais rigorosas e pregnantes esse conceito de A. Já num texto juvenil de inspiração romântica, cujos pressupostos são justamente Schleiermacher e Schlegel (NOHL, HegelstheologischeJugendschr,, pp. 379 ss., trad. in DE NEGRI, Princ. diHegel, pp. 18 ss.), o "verdadeiro A." é identificado com a "verdadeira unificação", que só ocorre "entre seres vivos que são iguais em poder" e que, em tudo e por tudo, estão vivos um para o outro, isto é, de nenhum lado estão mortos um para o outro. <b>O A. é um sentimento infinito pelo qual "o vivo sente o vivo". Os amantes "são um todo vivo". São reciprocamente indepedentes só na medida em que </b><b>"podem morrer". O A. é superior a todas as oposições e a todas as multiplicidades. </b>Essas notas românticas voltam nas obras maduras de Hegel. "O A.", diz ele, "exprime em geral a consciência da minha unidade com um outro, de tal modo que eu, para mim, não estou isolado, mas a minha autoconsciência só se afirma como renúncia ao meu ser por si e através do saber-se como unidade de mim com o outro e do outro comigo" (Fil. do dir., § 158, adendo). <b>"A verdadeira essência do A.", diz ainda Hegel em Lições de estética, "consiste em abandonar a consciência de si, em esquecer-se em outro si mesmo e, todavia, em reencontrar-se e possuir-se verdadeiramente nesse esquecimento"</b> ( Vorles. über dieÀsthetik, ed. Glockner, II, p. 149). <b>O A. é "identificação do sujeito com outra pessoa"; é "o </b><b>sentimento pelo qual dois seres não existem senão em unidade perfeita e põem nessa identidade toda a sua alma e o </b><b>mundo inteiro" (ibid., p. 178). "Esta renúncia a si mesmo para identificar-se com outro, esse abandono no qual o </b><b>sujeito reencontra, porém, a plenitude do seu ser, constitui o caráter infinito do A." </b>(ibid., p. 179). Desse ponto de vista, Hegel diz também que a morte de Cristo é "o A. mais alto", no sentido de que ela exprime "a identidade do divino e do humano"; e assim é "a intuição da unidade no seu grau absoluto, a mais alta intuição do A." (Phil. derReligion, ed. Glockner, II, p. 304). Essa noção romântica, que vê no A. a totalidade da vida e do universo na forma de um "sentimento infinito" que é fim para si mesmo, encontra-se em toda a tradição literária do Romantismo, especialmente na narrativa, a começar por Lucinda, de Schlegel. Essa noção também impregnou os costumes e a vida dos povos ocidentais até, pode-se dizer, os dias atuais, em que o adjetivo "romântico" ainda parece o mais adequado para definir a natureza dos sentimentos exaltados e tendentes a infinitizar-se, em que o aspecto espiritual e o aspecto sensual se complicam e se limitam reciprocamente, dando lugar a vicissitudes interiores, cujas mínimas nuanças se tem prazer de acompanhar, exagerando-lhes a importância e o valor. Também faz parte do A. romântico, na medida em que o seu objeto é o infinito, ou melhor, a infinita unidade e identidade, a insistência no A. como aspiração, desejo ou anseio, que, em vez de achar satisfação no ato sexual, teme ser, diminuído ou enfraquecido por esse ato e tende a evitá-lo. A "distância" é considerada pelos Românticos como um meio que favorece os sonhos voluptuosos; por isso, via de regra<b> o A. romântico arrefece em presença do objeto amado.</b></div></div><div><div style="font-weight: normal; ">Mas a concepção romântica do A. encontra-se também em filosofias e tendências diferentes do Romantismo ou que, pelo menos, não compartilham de todos os seus caracteres. Schopenhauer distingue nitidamente o A. sexual (êpcoç) e o A. puro (à7á7rn).<b> O A. sexual é simplesmente a emoção de que se serve o "gênio da espécie" para favorecer a obra obscura e problemática da propagação da espécie {Metafísica do A. sexual)</b>. Mas o "gênio da espécie" não é senão a cega, maligna e desesperada "vontade de viver", que constitui a substância do universo, o seu "númeno". O A. sexual não é, portanto, nada mais do que a manifestação, em forma fenomênica, isto é, sob a aparência da diversidade e da multiplicidade dos seres vivos, da única força que rege o mundo. <b>Quanto ao A. puro, não é senão compaixão, e a compaixão é o conhecimento da dor alheia. Mas a dor alheia é também a dor do mundo, a dor da própria vontade de </b><b>vida dividida em si mesma e lutando contra si mesma nas suas manifestações fenomênicas: além das quais, o A. </b><b>como compaixão é a percepção da unidade fundamental</b> {Die Welt, I, § 67). Desse modo, conserva-se na teoria de Schopenhauer a noção romântica do A. como sentimento da unidade cósmica. E permanece também na análise de um discípulo seu, Eduard von Hartmann, que a torna mais explícita, afirmando que o A. é a identificação entre amante e amado, <b>uma espécie de ampliação do egoísmo por meio da absorção de um eu por outro eu, donde o sentido mais </b><b>profundo do A. consiste em tratar o objeto amado como se fosse, na sua essência, idêntico ao eu que ama. </b>Se essa unidade e identidade não existissem, afirma Hartmann, o próprio A. seria uma ilusão; mas Hartmann crê que não se trata de uma ilusão, porque a identidade que o A. tem em vista, ou realiza ao menos em parte, é a identidade do Princípio Inconsciente, da Força Infinita que rege o mundo (Phánome-nologie des sittliche Bewusstseins, 1879, p. 793). Pode-se dizer, em geral, que todas as teorias que reduzem o A. a uma força única e total, ou segundo as quais, de algum modo, ele deriva de força semelhante, participam, de alguma forma, da noção romântica do A. como unidade e identidade. Sob esse aspecto, deve-se reconhecer um fundo romântico até na doutrina de Freud, segundo a qual <b>o A. é a especificação e a sublimação de uma força instintiva originária, que é a libido. A libido não é o impulso sexual específico (isto é, dirigido para o indivíduo do outro sexo), mas </b><b>simplesmente a tendência à produção e à reprodução de sensações voluptuosas relativas às chamadas </b><b>"zonas erógenas", que se manifesta desde os primeiros instantes da vida humana.</b> O impulso sexual específico é uma formação tardia e complexa, que, por outro lado, nunca se completa, como demonstram as perversões sexuais, tão variadas e numerosas. Essas perversões, portanto, segundo Freud, não são desvios de um impulso primitivo normal, mas modos de comportamento que remontam aos primeiros instantes da vida, que escaparam ao desenvolvimento normal e fixaram-se na forma de uma fase primitiva (v. PSICANÁLISE). <b>Da libido desenvolvem-se, segundo Freud, as formas superiores do A., mediante a inibição e a sublimação. A inibição tem a função de manter a libido nos limites compatíveis com a </b><b>conservação da espécie; dela derivam as emoções morais, em primeiro lugar as da vergonha, do pudor, </b><b>etc, que tendem a imobilizar e a conter as manifestações da libido.</b> Na inibição da libido e de seus conteúdos objetivos enraízam-se as neuroses. A sublimação, ao contrário, dá-se quando a libido se separa do seu conteúdo primitivo, isto é, da sensação voluptuosa e dos objetos que a esta se vinculam, para concentrar-se em outros objetos que serão, desse modo, amados por si mesmos, independentemente da sua capacidade de produzir sensações voluptuosas. <b>Na sublimação da libido inibida assentam, segundo Freud, todos os progressos da vida social, a arte, a ciência e a civilização em geral,</b> ao menos na medida em que tais progressos dependem de fatores psíquicos. Para Freud, todas as formas superiores do A. são apenas sublimações da libido inibida. Desse modo, a teoria freudiana do A. parece apresentar ao homem uma única alternativa, entre o primitivismo sexual e o ascetismo total, já que as formas superiores do A., e, em geral, da atividade humana, só poderiam produzir-se à custa da inibição e da sublimação da libido. Esta alternativa parece falsa na linha dos fatos e muito inquietante do ponto de vista moral. Mas talvez ainda mais grave seja o fato de que a doutrina de Freud não contém nenhum elemento apto a explicar a escolha que está presente em todas as formas do A. e que está totalmente ausente nos comportamentos instintivos, que são cegos e anônimos. Entretanto, o próprio Freud insiste no valor da escolha em sua crítica do A. universal. "Algumas pessoas", diz Freud, "tornam-se independentes da aquiescência dos seus objetos transferindo o valor principal do fato de serem amadas para seu próprio ato de amar; <b>protegem-se da perda do objeto amado dirigindo seu A. não a objetos individuais, mas a todos</b></div><div style="font-weight: normal; "><b>os homens igualmente, e evitam as incertezas e as desilusões do A. genital desistindo do objetivo sexual </b><b>deste e transformando o instinto em um impulso de intenção inibida. </b>O estado que elas induzem em si mesmas com esse processo— uma atitude de ternura imutável e nãçydesviável —tem pouca semelhança superficial com as tempestuosas vicissitudes do A. genital, mas deriva deste" (Civilization and its</div><div style="font-weight: normal; ">Discontents, p. 69). As objeções que Freud faz a esse tipo de A. são duas: ele não discrimina seus objetos, o que se resolve em injustiça para com os próprios objetos; em segundo lugar, nem todos os homens são dignos de A. <b>"Se amo alguém", diz Freud, "ele deve ser digno desse A. de um modo ou de outro: ou por ser tão semelhante a mim em algum aspecto importante que posso amar-me a mim mesmo nele, ou por ser muito mais perfeito do que eu, de sorte que posso amar nele o meu ideal de mim mesmo, ou por ser </b><b>filho de meu amigo, com o qual quero compartilhar afetos e dores.</b> Mas, se não há nenhum motivo específico para amá-lo, amá-lo será bastante difícil para mim e será uma injustiça para aqueles que são dignos do meu A., já que estarei pondo estes últimos no mesmo nível dele. Além disso, o A. que poderei dar-lhe, como cumprimento do preceito de A. universal, será somente uma pequeníssima parte do A. que, por todas as leis da razão, estou autorizado a dar a mim mesmo. Em conclusão, o mandamento de amar o próximo como a nós mesmos é a mais forte defesa contra a agressividade humana e exemplo superlativo da atitude antipsicológica do super-ego cultural. Mas é um mandamento impossível de respeitar: uma inflação tão grande de A. só poderia diminuir-lhe o valor e não seria um remédio para o mal" (Md., pp. 139-141). Essas considerações pressupõem, obviamente, que o A. implica uma escolha motivada pelo valor reconhecido no objeto amado ou a ele atribuído; mas justamente esse elemento de escolha não tem lugar na doutrina de Freud, que se funda totalmente no princípio do caráter instintivo da libido, de que deriva todo A. A crítica de Freud ao "A. universal" é importante, e em alguns aspectos decisiva para a orientação contemporânea em torno do problema do A. Todavia, Freud dirigiu essa crítica contra um alvo errado, o preceito evangélico do A. ao próximo: o verdadeiro alvo dessa crítica é a noção moderna, de origem positivista, do A. universal. A origem dessa noção pode ser encontrada em Feuerbach, no qual tem estreita conexão com a noção romântica de A., em particular com a de Hegel. Feuerbach parte do pressuposto de que <b>o objeto ao qual um sujeito se refere essencial e necessariamente outro não é senão a natureza objetiva do próprio sujeito e que, portanto, no objeto o homem contempla-se a si mesmo e torna-se consciente de si: a consciência do objeto não é senão a auto-consciência do homem</b> ( Wesen des Christentum, 1841; trad. fr., p. 26). Esta é a mesma noção da unidade entre subjetivo e objetivo, entre o eu e o outro, transferida do Infinito (para onde os Românticos a levaram) para o homem, na sua finitude. Não obstante essa transferência, a noção continua a mesma; na verdade, o A. é entendido por Feuerbach, romanticamente, como unidade e identidade: "a unidade de Deus e homem, de espírito e natureza". O A. "não tem plural". A própria encarnação, para Feuerbach como para Hegel, é somente "o puro, absoluto A., sem acréscimo, sem distinção entre A. divino e humano" (ibid., p. 82). Com base nessa noção,Feuerbach delineou a extensão progressiva do A. ao objeto sexual ao A. à criança, ao filho, do filho ao pai, e finalmente à família, ao clã, à tribo, etc, extensão esta que seria devida à multiplicação das ações recíprocas e, por isso, da dependência recíproca das instituições e dos interesses vitais. O último termo dessa extensão progressiva seria "a humanidade em seu conjunto", que, como tal, é o objeto mais alto do A. e o ideal moral por excelência. A ética positivista, especialmente com Comte e Spencer, baseou-se no A. estendido a toda a humanidade; nele também se baseou a ética do neo-criticismo alemão, da forma como se encontra, p. ex., expressa em Cohen. Nessas concepções, os termos "humanidade" e "A." passam a ser sinônimos, porque significam a unidade dos seres humanos e, às vezes, até mesmo a unidade cósmica segundo o conceito romântico. Desse ponto de vista, as formas do A. são classificadas conforme a maior ou menor extensão do círculo de objetos a que o A. se estende. Assim o A. à pátria seria inferior ao A. à humanidade; o A. à família, inferior ao A. à pátria; o A. a si mesmo, inferior ao que se sente por um amigo. Scheler mostrou {Natureza e forma da simpatia, 1923) o caráter fictício dessa hierarquia que pretende reduzir as variedades autônomas do A. a uma única forma, que teria graus diversos segundo a extensão do círculo humano que constitui seu objeto. Suas observações a esse respeito coincidem substancialmente com as já acenadas por Freud: <b>o valor do A. diminui, não cresce, à medida que o A. se estende a um número maior de objetos: já que, em geral, o A. </b><b>ao que está próximo tem mais valor do que o A. ao que está distante, pelo menos quando dirigido a um </b><b>ser vivo</b>; e Nietzsche errou quando contrapôs (em Assim falou Zaratustrd) o A. ao distante ao A. ao próximo. Scheler negou o próprio pressuposto da doutrina do A. universal: a noção romântica do A. como unidade ou identificação. <b>O A. e, em geral, a simpatia em todas as suas formas (v. SIMPATIA) implicam e, </b><b>ao mesmo tempo, fundamentam a diversidade das pessoas. O sentido do A. consiste justamente em não </b><b>considerar e em não tratar o outro como se fosse idêntico a si.</b> "O A. verdadeiro", diz Scheler (Sympathie, I, cap. IV, 3), "consiste em compreender suficientemente uma outra individualidade modalmente diferente da minha, em poder colocar-me em seu lugar, mesmo considerando-a diferente de mim e mesmo afirmando, com calor emocional e sem reserva, a sua própria realidade e o seu próprio modo de ser." O A. dirige-se necessariamente ao núcleo válido das coisas, ao valor, tende a realizar o valor mais elevado possível (e isto já é um valor positivo) ou a suprimir um valor inferior. Pode voltar-se para a natureza, para a pessoa humana e para Deus, naquilo que têm de próprio, isto é, de diferente daquele que ama. Scheler reconhece, com Freud, que "o A. sexual representa um fator primordial e fundamental, no sentido de que a força e a vivacidade de todas as outras variedades de A.vital e de vida instintiva derivam desse A." (ibid., II, cap. VI, § 5). No entanto, não se reduz ao instinto sexual porque implica escolhas, que, por princípio, se orientam para as qualidades vitais, que chamamos de mais "nobres". Mas se o A. sexual domina a esfera vital, existem outras formas de A. correspondentes à esfera espiritual e à esfera religiosa; essas formas são variedades qualitativamente diferentes, qualidades primordiais e irredutíveis umas às outras, que fazem pensar numa pré-formação, na estrutura psíquica do homem, das relações elementares que existem entre os homens iibid?). Entre essas formas não está, porém, o A. à humanidade. A humanidade pode ser amada como indivíduo único e absoluto somente por Deus; por isso, o chamado A. à humanidade é somente o A. ao homem médio de certa época, isto é, aos valores correntes nessa época, que interessam aos defensores dessa forma de amor. Esta,, segundo Scheler, outra coisa não é senão ressentimento, ou seja, ódio pelos valores positivos implícitos em "terra natal", "povo", "pátria", "Deus", ódio que, substituindo esses portadores de valores especificamente superiores por humanidade, procura iludir-se e iludir os outros sobre o A. iibid?). </div><div style="font-weight: normal; ">Na filosofia contemporânea, as análises de Scheler são a primeira tentativa de desvincular a noção de A. do ideal romântico da absoluta unidade. Pode-se vislumbrar, todavia, a sugestão e a ação desse ideal em duas doutrinas contemporâneas, aparentemente heterogêneas: a doutrina do A. místico de Bergson e a doutrina do A. sexual de Sartre. Segundo Bergson, a fórmula do misticismo é esta: "Deus é A. e objeto de A." iPeux sources, III; trad. it. p. 275). Embora se possa duvidar da exatidão da primeira parte dessa fórmula, porque dificilmente se pode encontrar nos místicos a tese de que Deus ame o homem (o que Deus oferece ao homem que o ama é a salvação, a bem-aventurança e a participação na sua "glória"), o que Bergson pretende dizer é que o arrebatamento místico se realiza como uma unidade entre o homem e Deus. "Não há mais separação completa entre quem ama e quem é amado: Deus está presente e a alegria é sem limites" iibid., p. 252). Por essa unidade, o A. do homem por Deus é o A. de Deus por todos os homens. "Através de Deus, com Deus, ele ama toda a humanidade com A. divino." Mas esse A. não é a fraternidade do ideal racional nem a intensificação de uma simpatia inata do homem pelo homem: é "o prosseguimento de um instinto" que está na raiz da sensibilidade e da razão, assim como de todas as outras coisas; e identifica-se com o A. de Deus por sua obra, A. que criou todas as coisas e é capaz de revelar, a quem saiba interrogá-lo, o mistério da criação. A esse A. cabe aperfeiçoar a criação da espécie humana iibid., IV, pp. 356-57) e devolver ao universo a sua função essencial, que é a de ser "uma máquina destinada a criar deuses". O caráter spinoziano, romântico e panteísta dessas observações é muito evidente e patenteia a noção que pressupõem: a do A. como unidade que é identidade. Se o "amor sagrado" de Bergson é de cunho romântico, não menos romântico é o "amor profano" de Sartre. O pressuposto da análise de Sartre é que <b>o A. é a tentativa ou, mais exatamente, o projeto de </b><b>realizar a unidade ou a assimilação entre o eu e o outro. </b>Essa exigência de unidade ou de assimilação é, por parte do eu, a exigência de que ele seja para o outro uma totalidade, um mundo, um fim absoluto.<b> O A. é, fundamentalmente, um querer ser amado; e querer ser amado significa "querer situar-se além de todo o sistema de valores posto pelos outros, como condição de toda valorização e como fundamento </b><b>objetivo de todos os valores"</b> iUêtre et le néant, p. 436). A <b>vontade de ser amado é, assim, a vontade de valer para o outro como o próprio infinito. "O olhar do outro não me permeia mais de finitude, não </b><b>imobiliza mais o meu ser naquilo que sou simplesmente; não poderei ser olhado como feio, como </b><b>pequeno, como vil, porque estes caracteres representam necessariamente uma limitação de fato do meu </b><b>ser e uma apreensão da minha finitude enquanto finitude" iibid., p. 437). Mas, para que o outro possa </b><b>considerar-me assim, é preciso que ele possa querer, isto é, que seja livre: por isso, a posse física, a posse </b><b>do outro como coisa, é, no A., insuficiente e frustrante. É preciso que o outro seja livre para querer amar-me </b><b>e para ver em mim o infinito. </b>O que quer dizer: é preciso que se mantenha "como pura subjetividade, como o absoluto pelo qual o mundo vem ao ser" iibid., p. 455). Mas aí estão, precisamente, o conflito e o fracasso inevitáveis do A., pois, por um lado, o outro exige de mim a mesma coisa que eu exijo dele— ser amado e valer para mim como a totalidade infinita do mundo—e, por outro, justamente por querer isso, por amar-me, <b>"frustra-me radicalmente com o seu próprio A.: eu exigia que ele assumisse o meu ser como objeto privilegiado, mantendo-se como pura subjetividade em relação a mim, mas, desde que me ama, em vez disso reconhece-me como sujeito e mergulha na sua objetividade diante da minha subjetividade" iibid., p. 444). Em outros termos, cada um, no A., quer ser para o outro o objeto absoluto, o mundo, a totalidade infinita, mas para isso é necessário que o outro permaneça subjetividade livre e igualmente absoluta</b>. Mas, como ambos querem exatamente a mesma coisa, o único resultado do A. é um conflito necessário e um fracasso inevitável. Há, todavia, outro caminho para realizar a assimilação de um ser com o outro, que é exatamente o contrário do que foi descrito: em vez de projetar absorver o outro conservando-lhe a alteridade, posso projetar fazer-me absorver pelo outro e perder-me na sua subjetividade para desembaraçar-me da minha. <b>Nesse caso, em vez de procurar existir para o outro como objeto-limite, como mundo ou totalidade</b></div><div><b style="font-weight: normal; ">infinita, procurarei fazer-me tratar como um objeto entre os outros, como um instrumento a ser utilizado, em uma </b><b style="font-weight: normal; ">palavra, como uma coisa. Ter-se-á, então, a atitude masoquista. Mas o próprio masoquismo é e deve ser um fracasso, </b><b style="font-weight: normal; ">pois, por mais que se queira, nunca se virá a ser um simples instrumento inanimado, uma coisa humilde, ridícula ou </b><b style="font-weight: normal; ">obscena; será necessário, precisamente, querer isso, isto é, valer, para essa finalidade, como subjetividade livre</b> iibid., pp. 346-347). <b style="font-weight: normal; "><span>Não há, portanto, salvação no A.: o conflito e o fracasso são-lhe intrinsecamente necessários. </span></b>Por outro lado, Sartre vê conflito análogo também no simples desejo sexual, cujo "ideal impossível" assim define: "Possuir a transcendência do outro como pura transcendência e no entanto como corpo-, reduzir o outro à sua simples facticidade, pois ele ainda está no meio do meu mundo, mas fazer que essa facticidade seja uma representação <span style="font-weight: normal; font-size: 100%; ">perpétua da sua transcendência nadificante" iibid., pp. 463-464). E, como o A. pode tender para o masoquismo como </span><span style="font-weight: normal; font-size: 100%; ">solução ilusória do seu conflito, assim também o desejo sexual tende para o sadismo, isto é, para a não-reciprocidade </span><span style="font-weight: normal; font-size: 100%; ">das relações sexuais, para o gozo de ser "potência possessiva e livre em face de uma liberdade aprisionada pela carne" </span><span style="font-weight: normal; font-size: 100%; ">iibid., p. 469). Não há dúvida de que a análise de Sartre, tão rica de reparos e referências, representa um exame sem </span><span style="font-weight: normal; font-size: 100%; ">preconceitos de certas formas que o A. pode assumir e assume e dos conflitos em que desembocam. Mas trata-se das </span><span style="font-weight: normal; font-size: 100%; ">formas do A. romântico e das suas degenerações. O A. de que fala Sartre é o projeto da fusão absoluta entre dois </span><span style="font-weight: normal; font-size: 100%; ">infinitos; e dois infinitos só podem excluir-</span><span style="font-size: 100%; ">se e contradizer-se. <b>Querer ser amado significa, para Sartre, querer ser a totalidade do ser, o fundamento dos </b></span><b style="font-size: 100%; ">valores, o todo e o infinito: isto é, o mundo ou Deus mesmo. E o outro, o amado, deveria ser um sujeito igualmente </b><b style="font-size: 100%; ">absoluto e infinito, capaz de tornar absoluto e infinito quem o ama. </b><span style="font-size: 100%; ">São evidentes os pressupostos românticos dessa </span><span style="font-size: 100%; ">colocação. A unidade absoluta e infinita que o Romantismo clássico postulava ingenuamente como uma realidade </span><span style="font-size: 100%; ">garantida do A. torna-se, em Sartre, um projeto inevitavelmente destinado ao fracasso. O Romantismo de Sartre é </span><span style="font-size: 100%; ">frustrado e consciente de sua falência. </span><span style="font-size: 100%; ">No entanto, está patente na filosofia contemporânea a tendência anti-romântica a privar o A. do caráter de infinitude, </span><span style="font-size: 100%; ">isto é, da natureza "cósmica" ou "divina", e a circunscrevê-lo em limites mais restritos e demarcáveis. Russell </span><span style="font-size: 100%; ">evidenciou a fragilidade do <b>A. romântico, que pretende ser a totalidade da vida, mas caminha rapidamente em direção </b></span><span style="font-size: 100%; "><b>à exaustão e ao malogro.</b> "O A.", disse ele, "é o que dá valor intrínseco a um matrimônio e, como a arte e o </span><span style="font-size: 100%; ">pensamento, é uma das coisas supremas que tornam a vida digna de ser vivida. Mas, embora não haja bom casamento </span><span style="font-size: 100%; ">sem A., os melhores casamentos têm um objetivo que vai além do A. <b>O A. recíproco de duas pessoas é demasiado </b></span><b style="font-size: 100%; ">circunscrito, demasiado separado da comunidade para ser, por si mesmo, o objetivo principal da vida. Não é, em si </b><b style="font-size: 100%; ">mesmo, fonte suficiente de atividade, não oferece perspectivas suficientes para constituir uma existência em que se </b><b style="font-size: 100%; ">possa encontrar uma satisfação fundamental.</b><span style="font-size: 100%; "> Cedo ou tarde, torna-se retrospectivo, é um túmulo de alegrias mortas, </span><span style="font-size: 100%; ">não uma fonte de vida nova. Esse mal é inseparável de qualquer finalidade atingível numa única emoção suprema. <b>Os </b></span><span style="font-size: 100%; "><b>únicos fins adequados são os que têm incidência no futuro, que nunca podem ser plenamente alcançados, mas estão </b></span><b style="font-size: 100%; ">em constante 'crescendo' e são infinitos, como a infinitude da busca humana. Só quando o A. está ligado a algum fim </b><b style="font-size: 100%; ">infinito dessa espécie pode ter a seriedade e a profundidade de que é capaz"</b><span style="font-size: 100%; "> iPrinciples of Social Reconstruction, p. </span><span style="font-size: 100%; ">192). Com isto, o A. não é negado, mas reconduzido aos limites que o definem. "O homem", diz ainda Russell, "que </span><span style="font-size: 100%; ">nunca viu as coisas belas em companhia da mulher amada não conheceu plenamente o mágico poder que tais coisas </span><span style="font-size: 100%; ">possuem. <b>E mais: o A. é capaz de romper o duro cerne do eu, porque é uma espécie de colaboração biológi</b></span><span style="font-size: 100%; "><b>ca, na qual as emoções de um são necessárias à satisfação dos propósitos instintivos do outro" CA conquista da </b></span><b style="font-size: 100%; ">felicidade</b><span style="font-size: 100%; ">, trad. it., p. 42). Nesse sentido, porém, não requer o sacrifício das pessoas que se amam, mas constitui </span><span style="font-size: 100%; ">enriquecimento e realização da sua personalidade. Não requer nem mesmo o emudecimento do espírito de ambas as </span><span style="font-size: 100%; ">partes, mas, antes, o respeito à autonomia recíproca e a fidelidade aos compromissos assumidos. Por isso, é </span><span style="font-size: 100%; ">indispensável a realização da igualdade de condição moral e jurídica entre os sexos, bem como a transformação e a </span><span style="font-size: 100%; ">liberalização das regras morais que ora restringem e inibem com demasiada rigidez as relações sexuais. Por outro </span><span style="font-size: 100%; ">lado, porém, "a relação sexual sem A. tem valor mínimo e deve ser considerada uma primeira experiência, capaz de </span><span style="font-size: 100%; ">dar uma noção aproximada do A." (Marriage and Morais, cap. IX; trad. it. p. 118). </span><span style="font-size: 100%; ">Um olhar de conjunto nas teorias mencionadas mostra a recorrência de duas noções fundamentais do A., sendo </span><span style="font-size: 100%; ">possível vincular cada uma dessas teorias a uma ou a outra. A primeira é a do A. como relação que não anula a </span><span style="font-size: 100%; ">realidade individual e a autonomia dos seres entre os quais se estabelece, mas tende a reforçá-las, por meio de um </span><span style="font-size: 100%; ">intercâmbio, controlado emotivamente, de serviços e cuidados de todo tipo, intercâmbio no qual cada um procura o </span><span style="font-size: 100%; ">bem do outro como seu próprio. Nesse sentido, A. tende à reciprocidade e é sempre recíproco na sua forma bemsucedida, </span><span style="font-size: 100%; ">que sempre poderá ser chamada de união (de interesses, de intentos, de propósitos, de necessidades, bem </span><span style="font-size: 100%; ">como de emoções correlativas), mas nunca de "unidade", no sentido próprio desse termo. Nesse sentido,<b> o A. é uma </b></span><b style="font-size: 100%; ">relação finita entre entes finitos, suscetível da maior variedade de modos, em conformidade com a variedade de </b><b style="font-size: 100%; ">interesses, propósitos, necessidades e relativas funções emotivas, que podem constituir sua base objetiva</b><span style="font-size: 100%; ">. "Relação </span><span style="font-size: 100%; ">finita" significa relação não necessariamente determinada por forças inelutáveis, mas condicionada por elementos e </span><span style="font-size: 100%; ">situações aptas a explicar suas modalidades particulares. <b>Significa também relação sujeita ao êxito como ao malogro </b></span><span style="font-size: 100%; "><b>e, ainda nos casos mais favoráveis, suscetível de êxitos só parciais e de estabilidade relativa. Nesse caso, obviamente, </b></span><span style="font-size: 100%; "><b>o A. nunca é "tudo" e não constitui a solução de todos os problemas humanos. </b>Cada tipo ou espécie de A., e, em cada </span><span style="font-size: 100%; ">tipo ou espécie, cada caso será delimitado e definido, na </span><span style="font-size: 100%; ">relação que o constitui, por interesses, necessidades, aspirações, preocupações, etc, cuja comparticipação constituirá a </span><span style="font-size: 100%; ">base ou o motivo do A. Especificamente, o A. poderá ser definido como o controle emotivo de tais tipos ou modos de </span><span style="font-size: 100%; ">comparticipação e dos comportamentos correspondentes. O valor desse controle emotivo pode ser evidenciado por</span></div><div>algumas observações. P. ex., a<b> fidelidade no A. não tem valor se não deriva do controle emotivo, mas de uma fria </b><span style="font-size: 100%; "><b>noção de dever; e, por outro lado, certas infidelidades não ofendem necessariamente o A</b>. Nesses limites, em que o A. </span><span style="font-size: 100%; ">é um fenômeno humano, para cuja descrição termos como "unidade", "todo", "infinito", "absoluto" são descabidos, o </span><span style="font-size: 100%; ">A. perde em substância cósmica tanto quanto ganha em importância humana; e o seu significado, objetivamente </span><span style="font-size: 100%; ">constatável, para a formação, a conservação e o equilíbrio da personalidade humana, torna-se fundamental. A noção </span><span style="font-size: 100%; ">de A. nesse sentido é a ilustrada por Platão, Aristóteles, S. Tomás, Descartes, Leibniz, Scheler, Russell. </span><span style="font-size: 100%; ">A segunda teoria recorrente sobre o A. é a que vê nele uma unidade absoluta ou infinita, ou seja, consciência, desejo </span><span style="font-size: 100%; ">ou projeto de tal unidade. Desse ponto de vista, o A. deixa de ser um fenômeno humano para tornar-se um fenômeno </span><span style="font-size: 100%; ">cósmico ou, melhor ainda, a natureza do Princípio ou da Realidade Suprema. O êxito ou o malogro do A. humano </span><span style="font-size: 100%; ">passa a ser indiferente; aliás, <b>o A. humano, como aspiração à identidade absoluta e como tentativa por parte do finito </b></span><b style="font-size: 100%; ">de identificar-se com o Infinito, está previamente condenado ao insucesso e reduzido a uma aspiração unilateral, pela </b><b style="font-size: 100%; ">qual a reciprocidade é decepcionante, que se contenta em imaginar a vaga forma de um ideal fugaz.</b><span style="font-size: 100%; "> São duas as </span><span style="font-size: 100%; ">conseqüências desse conceito de A. A primeira é a infinitização das vicissitudes amorosas que, consideradas como </span><span style="font-size: 100%; ">formas ou manifestações do Infinito, assumem um significado e um alcance desproporcional e grotesco, sem relação </span><span style="font-size: 100%; ">com a importância real que têm para a personalidade humana e para as suas relações com os outros. <b>A segunda é que </b></span><span style="font-size: 100%; "><b>todo tipo ou forma de A. humano destina-se ao fracasso; e o próprio êxito de tal A., verificável na reciprocidade, na </b></span><span style="font-size: 100%; "><b>possibilidade da comparticipação, é assumido como sinal desse fracasso. </b>Essas duas atitudes podem ser facilmente </span><span style="font-size: 100%; ">encontradas na literatura romântica sobre o A. É a noção defendida por Spinoza, Hegel, Feuerbach, Bergson, Sartre.</span></div></div><div style="font-weight: normal; "><br /></div><div style="font-weight: normal; "><br /></div><div style="font-weight: normal; ">É tão complicado. E eu insisto em dizer que amo.</div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-82802756196196108122011-09-25T09:02:00.001-07:002011-09-25T09:03:27.003-07:00Mini contoAndava de um lado para o outro impaciente quando parou em frente ao rapaz, mãos na cintura, corpo levemente inclinado para a frente:<div>-Você não gosta de mim, você só quer me comer</div><div>-E você acha que é pouco?</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-42375244557427256572011-04-23T10:12:00.001-07:002011-04-23T10:12:16.415-07:00Solidão viciaNé?Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-43742776939614370132010-12-22T19:03:00.000-08:002011-04-15T18:59:29.982-07:00Direitos humanos e Literatura<p class="MsoBodyTextIndent"><span class="Apple-style-span" ></span></p><p class="MsoBodyTextIndent"><span class="Apple-style-span" >pra eu ler depois:</span></p><p class="MsoBodyTextIndent" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; "><span class="Apple-style-span" ><span ><br /></span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; "><span class="Apple-style-span" ><span >"...Pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação e auto-educação a fim de reconhecermos sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é achar que os nossos direitos são mais urgentes que os do próximo.</span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; "><span class="Apple-style-span" ><span >Nesse ponto, as pessoas são frequentemente vítimas de uma curiosa obnubilação. Elas afirmam que o próximo tem direito, sem dúvida, a certos bens fundamentais, como casa, comida, instrução, saúde – coisas que ninguém bem formado admite hoje em dia sejam privilégio de minorias, como são no Brasil. Mas será que pensam que o seu semelhante pobre teria direito a ler Dostoievskl ou ouvir os quartetos de Beethoven? Apesar das boas intenções no outro setor, talvez isto não lhes passe pela cabeça. E não por mal, mas somente porque quando arrolam os seus direitos não estendem todos eles ao semelhante. Ora, o esforço para incluir o semelhante no mesmo elenco de bens que reivindicamos está na base da reflexão sobre os direitos humanos.</span></span></p><div><span class="Apple-style-span" ><span >(...)</span>Na classe média brasileira, os da minha idade ainda lembram o tempo em que se dizia que os empregados não tinham necessidade de sobremesa nem de folga aos domingos, porque, não estando acostumados a isso, não sentiam falta... Portanto, é preciso<span> </span>ter critérios seguros para abordar o problema dos bens incompressíveis, seja do ponto de vista individual, seja do ponto de vista social. Do ponto de vista individual, é importante a consciência de cada um a respeito, sendo indispensável fazer sentir desde a infância que os pobres e desvalidos têm direito aos bens materiais (e que portanto não se trata d exercer caridade), assim como as minorias têm direito à igualdade de tratamento. Do ponto de vista social é preciso haver leis específicas garantindo este modo de ser.</span></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" >(...)Chamarei de literatura, da maneira<span> </span>ais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações.</span></div><div><p class="MsoBodyTextIndent" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; "><span class="Apple-style-span" ><span >Vista deste modo a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possam viver sem ela, isto é,<span> </span>sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabuloso. O sonho assegura durante o sono a presença indispensável desse universo, independentemente da nossa vontade. E durante a vigília a criação ficcional ou poética, que é a mola da literatura em todos os seus níveis e modalidades, está presente em cada um de nós, analfabeto ou erudito – como anedota, causo, história em quadrinho, noticiário policial, canção popular, moda de viola, samba carnavalesco. Ela se manifesta desde o devaneio amoroso ou econômico no ônibus até a atenção fixada na novela de televisão ou na leitura corrida de um romance.</span></span></p><p class="MsoBodyTextIndent" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; "><span class="Apple-style-span" ><span >Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito.</span></span></p></div><div><span class="Apple-style-span" ><span >(...)</span>como não é possível haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a literatura. Deste modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade, inclusive porque atua em grande parte no subconsciente e no inconsciente. </span></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" >(...)convém lembrar que ela [a literatura] não é uma experiência inofensiva, mas uma aventura que pode causar problemas psíquicos e morais, como acontece com a própria vida, da qual é imagem e transfiguração. Isto significa que ela tem papel formador de personalidade, mas não segundo as convenções; seria antes segundo a força indiscriminada e poderosa da própria realidade. Por isso, nas mãos do leitor o livro pode ser fator de perturbação e mesmo de risco. </span></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" >(...)"há “conflito entre a idéia convencional de uma literatura que eleva e edifica (segundo os padrões oficiais) e a sua poderosa força indiscriminada de iniciação na vida, com uma variada complexidade nem sempre desejada pelos educadores. Ela não corrompe nem edifica, portanto; mas, trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver.”</span></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><p class="MsoBodyTextIndent" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; "><span class="Apple-style-span" ><span >A função da literatura está ligada à complexidade da sua natureza, que explica inclusive o papel contraditório mas humanizador<span> </span>(talvez humanizador porque contraditório). Analizando-a, podemos distinguir pelo menos três faces: 1) ela é uma construção de objetos autônomos como estrutura e significado; 2) ela é uma forma de expressão, isto é, manifesta emoções e a visão do mundo<span> </span>dos indivíduos e dos grupos; 3) ela é uma forma de conhecimento, inclusive como incorporação difusa e inconsciente.</span></span></p></div><div><span class="Apple-style-span" ><span ><br /></span></span></div><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-74120558571624159252010-12-09T14:01:00.000-08:002010-12-09T14:11:27.626-08:00só vocêAcordo e já estou com a cabeça em você, <div><br /><div>levanto pra fazer café e já sinto falta de você,</div><div><br /></div><div>como torradas sentada no chão da sala pensando em deitar com você,</div><div><br /></div><div>escovo os dentes, tomo banho, me visto e preciso ir pra longe de você,</div><div><br /></div><div>passo as aulas de química, física, matemática pensando em abraçar você,</div><div><br /></div><div>corro pra casa, almoço e não posso demorar muito com você,</div><div><br /></div><div>tomo banho e corro pro trabalho, não posso levar você,</div><div><br /></div><div>todas aquelas madames que vão à loja só me fazem ver que quem me entende é só você,</div><div><br /></div><div>saio do shopping, pego ônibus e no caminho e penso em como só preciso de você,</div><div><br /></div><div>chego em casa e te encontro na cama, limpinho e cheiroso, pronto pra eu deitar a cabeça em você, Johnny, travesseiro lindo.</div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-20088084418920668112010-10-27T16:03:00.000-07:002011-04-15T19:07:39.213-07:00Nelsinho<span class="Apple-style-span"><div class="post-body entry-content" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.75em; margin-left: 0px; line-height: 1.6em; font-size: 13px; color: rgb(51, 51, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana; font-size: 11px; " ></span></div><blockquote style="font-size: 13px; "><div class="post-body entry-content" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.75em; margin-left: 0px; line-height: 1.6em; "><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana; font-size: 11px; " >"Se não me engano, quarta-feira. Foi, sim, quarta-feira, escrevi sobre as "épocas débis mentais". Ao chamá-las assim não insinuei, é claro, nenhuma novidade, não fiz nenhuma descoberta. As épocas são mais inteligentes ou menos inteligentes, mais nobres ou menos nobres, românticas ou cínicas, suicidas ou homicidas, perversas ou heróicas etc.etc.<br />Concluía eu, na minha "Confissão", que nos coube por fatalidade uma das "épocas débis mentais", e das mais espantosas da história. Há uma debilidade mental difusa, volatizada, atmosférica. Nós a respiramos. Isso aqui e em todos os idiomas. É um fenômeno internacional tão nítido, tão profundo, que não cabe nenhuma dúvida, não cabe nenhum sofisma.<br />E acontece, então, esta coisa nunca vista: - todos agem e reagem como imbecis. Não que o sejam, absolutamente. Muitos são inteligentes, sábios, clarividentes; e têm um nobilíssimo caráter, e uma fina sensibilidade, e uma alma de superior qualidade. Mas num mundo de débis mentais, temos de imitá-los. Não sei se me entendem. Mas, para viver, para sobreviver, para coexistir com os demais, o sujeito precisa ir ao fundo do quintal. E lá enterrar todo o seu íntimo tesouro."</span></div></blockquote><div style="color: rgb(51, 51, 51); "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 11px;"><br /></span></span></div><div class="post-footer" style="margin-top: 0.75em; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.75em; margin-left: 0px; color: rgb(153, 153, 153); text-transform: uppercase; letter-spacing: 0.1em; font: normal normal normal 78%/normal 'Trebuchet MS', Trebuchet, Arial, Verdana, sans-serif; line-height: 1.4em; font-size: 13px; "></div></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-84445789940485807072010-10-14T18:57:00.000-07:002010-10-14T19:15:06.956-07:00Pátria que me pariu<i>-E aí, cê vota em quem no segundo turno?</i><div><br /></div><div>De boa, tô cansada dessa eleição, segundo turno, quem vai ser menos ruim e, agora que o papo tá pendendo pro lado da religião, eu vou saindo aqui pela tangente. A última coisa que eu quero agora é discutir com papa-hóstia se tem que legalizar aborto, maconha e casamento gay, porque eu acho que tem é que legalizar tudo mesmo, vamo deixar esse povo ser feliz de algum jeito. </div><div><br /></div><div>Ah, você é contra? Então não faz, amigo! </div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div>Pra não deixar a pergunta aqui em cima sem respostas: eu voto no primeiro que prometer (e der garantias de que irá) colocar bom senso na cabeça, amor e paz no coração dessa gente, que eu já cansei de vocês assim como são.</div><div><br /></div><div><br /></div><div>E VAMO PRA FRENTE.</div><div><br /></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">(postzinho cuspido sem mais nem menos sob o efeito de muito sono. O blog é meu, eu faço o que quiser, beijo)</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-86363429869151383722010-10-08T13:31:00.000-07:002010-10-08T13:53:38.377-07:00Baseado em fatos reais<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Caminhando por alguma avenida, cheguei à conclusão de que eu não acredito em seres superiores porque não quero.</span></span><div><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Não que eu tenha medo de ir queimar no fogo do inferno ou ache que eu vá ficar o resto da minha morte (vida eterna?) pulando de nuvem em nuvem, tenho medo é de como decidirão isso, já que a única cena que consigo imaginar para meu juízo final é a seguinte:</span></span><div><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><br /></span></span><div><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Entre Deus e o Diabo, eu estaria sentada, assistindo o filme da minha vida, e Deus me olharia dizendo:</span></span></i><div><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><br /></span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">-Isso deve ser mais uma piada de mau gosto do Diabo, este não pode ser o filme da vida de alguém! </span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><br /></span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">O Diabo negaria e, sorrindo, diria:</span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><br /></span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">-MENINE, TU SÓ SE FODE!</span></span></i></div></div></div></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><i><br /></i></span></div><div><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">(e, diante dos fatos, resolveriam que eu merecia descansar no paraíso, pulando de nuvem em nuvem com os anjinhos, o que me desesperaria e faria o Diabo soltar mais uma gargalhada, enquanto Deus olharia de lado e disfarçaria o riso com uma tosse proveniente de alergia à poeira do inferno que o Diabo carrega consigo)</span></span></i></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-58130270855672513162010-09-17T10:41:00.000-07:002010-09-17T11:24:33.393-07:00Com você e a sorte<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-large;"><b>F</b></span>oi numa tarde de sexta-feira nublada que, descendo a principal avenida da cidade, deparou-se com um panfleto colado em um poste, desgastado pela ação do vento e das chuvas que atormentavam a cidade naquela época do ano. No panfleto havia grafado em letras garrafais "Trago a pessoa amada em 3 dias" e um número de telefone. Parou diante do poste e ficou imaginando como seria se... culpou-se por perder tempo com banalidades, mas anotou o número, sempre teve curiosidade quanto aos trabalhos dos ciganos.<div>Chegou em casa, jogou a mochila no chão e jogou-se no sofá com a roupa molhada, misto de suor e chuva, mais um dia perdido. Puxou o celular do bolso, nenhuma nova mensagem, nenhuma ligação perdida. Sentou-se com a cabeça entre as mãos, lembrou-se mais uma vez do panfleto, tirou a mochila do chão, jogou tudo o que havia dentro dela no sofá para encontrar o pequeno papel com o número de telefone. Seria idiotice? Não tinha o que perder. </div><div>Telefonou e, no verso do mesmo papel com o número, anotou o endereço da cartomante e foi atrás dos seus serviços. Retornou à avenida e percebeu que o papel não estava mais no poste. Talvez não fosse aquele o mesmo poste, são todos iguais. Encontrou a pequena casa discreta numa rua paralela à avenida. Viu de longe a cigana, com roupas coloridas, muitas bijuterias e cara de espera, que disse: Venha, entre comigo, só estou esperando por você.</div><div>Entrou na residência e foi até um pequeno quarto com muitos incensos, espelhos e adornos coloridos. A mulher indicou a cadeira em que deveria sentar-se e perguntou por que estava ali.</div><div>"Vi seu panfleto colado num poste aqui perto."</div><div>"Disso eu sei."</div><div>"Então, vi que você traz a pessoa amada em 3 dias."</div><div>"É o que você deseja?"</div><div>"Faz outros trabalhos?"</div><div>"Sim, posso ler sua sorte também."</div><div>"Então quero que primeiro leia minha sorte."</div><div>"Posso fazer apenas um dos trabalhos por cliente."</div><div><br /></div><div>Talvez saber da sorte fosse mais lucrativo do que trazer uma pessoa que nem era tão amada assim. Podia descobrir que ganharia na loteria ou encontraria uma nova pessoa melhor do que aquela, ou o caminho correto para mudar de vida logo, aquela já tinha dado o que tinha pra dar.</div><div><br /></div><div>"Lê minha sorte, eu prefiro."</div><div><br /></div><div>A mulher pegou o tarot e distribuiu em cima da mesinha, pediu que escolhesse uma carta, o que fez rapidamente.</div><div><br /></div><div>"Não entendo!"</div><div>"O que dizem as cartas? Qual minha sorte?"</div><div>"Só leio 'error code 404 file not found'."</div><div><br /></div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-25765643959540460612010-09-07T08:08:00.000-07:002010-09-07T09:19:24.075-07:00Tava lá o corpo, estendido no chão<div>Tinha 32 anos, era um cidadão comum, trabalhava das 8 às 18h, de segunda à sexta. No fim de semana dizia que tinha que trabalhar, o que era mentira. A mulher dele sabia, mas fazia vista grossa. </div><div>Beijava a mulher como nos dias da semana, afagava a cabeça do filho menor, dava uns trocados ao mais velho, caminhava como se fosse ao trabalho, mas desviava duas ruas antes, timidamente, com cuidado para não ser visto, sua farsa precisava ser mantida. Chegava no meu edifício às 8h, precisava ser pontual tal qual no serviço. Batia à porta e era recebido com um sorriso.</div><div><br /></div><div>Só sairia do apartamento às 18h.</div><div><br /></div><div>Há três semanas ele chegava silencioso, rejeitava meus afetos, saía antes das 18h. Só queria ficar em silêncio, era o que me dizia, tomava o café forte e fumava cigarro após cigarro. No dia do acontecido ele tava mais pensativo que nos outros dias, às três da tarde ele olhava a janela fixamente, quando me olhou e disse "adeus". </div><div><br /></div><div>Desci as escadas correndo, sem acreditar no que estava acontecendo, por quê? Cheguei à portaria com uma dor no peito e com falta de ar, vi que muitas pessoas já estavam lá fora, cheias de curiosidade, um bando de bêbados saídos do bar que ficava ali perto tomou conta da rua, lotou a calçada, eram como urubus atrás da carnificina. Pedi licença em vão, tentei afastar todo mundo empurrando. Expliquei que era amiga dele e precisava chegar mais perto. Os carros na rua buzinavam loucamente. Não mexi no corpo. Os curiosos me perguntavam sem parar o que havia acontecido, se foi suicídio. Imagina, delegado, era óbvio que havia sido, ele não achou que tinha asas. Onde já se viu um homem de 32 anos cair do décimo andar só por acidente, seu delegado? Não quis me expor, por isso voltei ao meu apartamento, acompanhei a vinda da ambulância lá de cima até o momento em que o corpo foi levado e a multidão se desfez. É tudo o que tenho pra contar.</div><div><br /></div><div><div>O delegado me dispensou, voltei pra minha casa sem peso na consciência, apesar de omitir alguns fatos, como nossa briga. E, bem, eu sequer desci do meu apartamento, só olhei o corpo no chão e fechei minha janela que dava de frente pro crime.</div></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-91529882264662797082010-09-01T05:31:00.000-07:002010-09-01T13:58:39.575-07:00Deus me livre<div>No fim da tarde, esperavam pelo ônibus na porta da igreja quando a antiga conhecida passou e cumprimentou-as apressada, dizendo que já estava atrasada para a missa, não podia perder um dia sequer. Quando perceberam que ela se afastava, comentaram entre si</div><div>-Essa aí ficou solteirona, só tinha tempo pra igreja. Não entendo essa gente que vive em função de Deus pra ter garantia de que vai pro céu depois da morte.</div><div>-Pois pra mim pouco importa de onde eu vim e pra onde vou, eu que não vivo em função de nada. E quer saber mais? Não quero ir pro céu, quero ir pra um lugar agitado e quente, Deus me livre de ficar pulando de nuvem em nuvem ouvindo música clássica!</div><div>-É, você tá mais que certa... Tá certíssima! De vida monótona já basta essa, o dia todo a mesma coisa, pegar ônibus, trabalhar, pegar ônibus, ir pra casa... E falando em ônibus, lá vem o meu, até outro dia.</div><div><br /></div><div>Quando entrou no ônibus, a mulher fez o sinal da cruz repetidas vezes enquanto falava "Deus me livre de ir pro inferno, Deus me livre!" e resolveu tirar um tempo para ir até a igreja.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-72759241927756519382010-07-31T13:17:00.000-07:002010-07-31T16:05:43.937-07:00Primeiro de agosto, esqueci o desgosto<div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Julho é o melhor mês do ano (sempre foi, sempre será) e quando a gente (eu) percebe (percebo) que ele tá indo embora só dá vontade de segurá-lo pelo pé, fazer birra, tudo o que não adianta, e o pior de tudo: Temos de enfrentar um a()gosto (de deus) logo depois. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;">(quem sabe julho é bom assim exatamente para que se possa enfrentar um agosto de cabeça erguida e com alguma paz no coração)</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">E, para quem não recebeu as coisas boas da vida em julho, fica aí "Sugestões para atravessar agosto", de Caio F., o cara dos Morangos Mofados:</span></span><div><span class="Apple-style-span" style=" color: rgb(181, 181, 181); line-height: 16px; font-family:'Lucida Grande';font-size:11px;"><div align="justify" style="padding-top: 0px; padding-right: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; margin-top: 13px; margin-right: 0px; margin-bottom: 13px; margin-left: 0px; "><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;"></span></span></span></i></div><blockquote><div align="justify" style="padding-top: 0px; padding-right: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; margin-top: 13px; margin-right: 0px; margin-bottom: 13px; margin-left: 0px; "><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro- e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco.</span></span></span><b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. </span></span></span></b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente. Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros angúrios , premonições.Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem:qualquer problema , real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos. Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente, agosto. </span></span></span><b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">Angústia agostiana é coisa cultural</span></span></span></b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos- ou precauções-úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia categoria originalidade...Esquecê-lo tão completamente quanto possível(santo ZAP!):FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já. Para atravessar agosto </span></span></span></i><i><b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">ter um amor seria</span></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;"> </span></span></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">[</span></span></span></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">é]</span></span></span></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;"> importante</span></span></span></b></i><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu- sem o menor pudor, invente um.Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados. Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, </span></span></span><b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">e temperar tudo isso com chás</span></span></span></b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques-tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire , a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas- coisas assim são eficientíssimas, </span></span></span><b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">pouco me importa ser acusado de alienação</span></span></span></b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">. É isso mesmo, evasão, escapismos, explícitos. Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente nãose deter de mais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco:. </span></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#C0C0C0;">(crônica escrita em AGOSTO de 1995, O ESTADO DE SÃO PAULO) </span></span></span></span></i></div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#666666;"><i><br /></i></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;color:#666666;"><i><br /></i></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;color:#666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:x-small;">(é necessário atualizar este blog de alguma maneira)</span></span></div></span><div><span class="Apple-style-span" style=" color: rgb(181, 181, 181); line-height: 16px; font-family:'Lucida Grande';font-size:11px;"> </span></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-32240548151060094512010-07-14T10:46:00.000-07:002010-07-14T11:43:44.905-07:00Seguem-me os bons<span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Tava olhando aqui, tenho 19 seguidores neste blog. 19 pessoas que recebem meus textos na página inicial de suas respectivas contas no Blogger e talvez ainda haja mais algumas que assinam meus feeds anonimamente, logo, eu não tenho o direito de deixar 19 pessoas desiludidas porque eu sou uma única pessoa no mundo e sou desligada bagarai, então eu vim aqui pra deixar com vocês, meus 19 fieis (?) seguidores, um texto do Augusto Monterroso, que é umas das coisas felizes que eu conhecia e andei lembrando nos últimos dias.</span></span><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Com a palavra, o único Guatemalteco (esse é um nome gostoso de falar) de quem eu já ouvi falar, Augusto Monterroso.</span></span></div><div><br /></div><div style="text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">O MACACO QUE QUERIA SER ESCRITOR SATÍRICO</span></span></b></div><div><div><i></i></div><blockquote><div><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Na Selva vivia uma vez um Macaco que quis ser escritor satírico.</span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Estudou muito, mas logo se deu conta de que para ser escritor satírico lhe faltava conhecer as pessoas e se aplicou em visitar todo mundo e ir a todos os coquetéis e observá-las com o rabo do olho enquanto estavam distraídas com o copo na mão.</span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Como era verdadeiramente muito gracioso e as suas piruetas ágeis divertiam os outros animais, era bem recebido em toda parte e aperfeiçoou a arte de ser ainda mais bem recebido.</span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Não havia quem não se encantasse com sua conversa, e quando chegava era recebido com alegria tanto pelas Macacas como pelos esposos das Macacas e pelos outros habitantes da Selva, diante dos quais, por mais contrários que fossem a ele em política internacional, nacional ou municipal, se mostrava invariavelmente compreensivo; sempre, claro, com o intuito de investigar a fundo a natureza humana e poder retratá-la em suas sátiras.</span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">E assim chegou o momento em que entre os animais ele era o mais profundo conhecedor da natureza humana, da qual não lhe escapava nada. </span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Então, um dia disse vou escrever contra os ladrões, e se fixou na Gralha, e começou a escrever com entusiasmo e gozava e ria e se encarapitava de prazer nas árvores pelas coisas que lhe ocorriam a respeito da Gralha; porém de repente refletiu que entre os animais de sociedade que o recebiam havia muitas Gralhas e especialmente uma, e que iam se ver retratadas na sua sátira, por mais delicada que a escrevesse, e desistiu de fazê-lo.</span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Depois quis escrever sobre os oportunistas, e pôs o olho na Serpente, a qual por diferentes meios — auxiliares na verdade de sua arte adulatória — conseguia sempre conservar, ou substituir, por melhores, os cargos que ocupava; mas várias Serpentes amigas suas, e especialmente uma, se sentiriam aludidas, e desistiu de fazê-lo.</span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Depois resolveu satirizar os trabalhadores compulsivos e se deteve na Abelha, que trabalhava estupidamente sem saber para que nem para quem; porém com medo de que suas amigas dessa espécie, e especialmente uma, se ofendessem, terminou comparando-a favoravelmente com a Cigarra, que egoísta não fazia mais do que cantar bancando a poeta, e desistiu de fazê-lo.</span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Finalmente elaborou uma lista completa das debilidades e defeitos humanos e não encontrou contra quem dirigir suas baterias, pois tudo estava nos amigos que sentavam à sua mesa e nele próprio.</span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Nesse momento renunciou a ser escritor satírico e começou a se inclinar pela Mística e pelo Amor e coisas assim; porém a partir daí, e já se sabe como são as pessoas, todos disseram que ele tinha ficado maluco e já não o recebiam tão bem nem com tanto prazer.</span></span></i></div><div></div></blockquote><div><br /></div></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-59196202570957579572010-06-13T18:44:00.000-07:002010-06-13T18:50:26.256-07:00Carta à mãe<span class="Apple-style-span" style=" border-collapse: collapse; color: rgb(51, 51, 51); line-height: 20px; font-family:'times new roman';font-size:13px;"><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:Verdana;">Dessa vez a carta é do Henfil.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; "><span style="font-family:Meta-Normal;"><span style="font-family:Verdana;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">"Natal, 7 de junho de 1978.</span></i></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; "><span style="font-family:Meta-Normal;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span style="font-family:Verdana;"></span></span></i></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; "><span style="font-family:Meta-Normal;"><span style="font-family:Verdana;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Mãe,</span></i></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; "><span style="font-family:Meta-Normal;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span style="font-family:Verdana;"></span></span></i></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt; "><span style="font-family:Meta-Normal;"><span style="font-family:Verdana;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Aí, na hora que a coisa tava indo, tava indo… chega a Copa do Mundo e leva tudo pra lá. É sempre assim: não conseguimos fazer duas coisas ao mesmo tempo. Não sabemos assobiar e fazer xixi ao mesmo tempo, não conseguimos chutar bola e fazer democracia ao mesmo tempo.</span></i></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt; "><span style="font-family:Meta-Normal;"><span style="font-family:Verdana;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Mas sabe o que me dá mais raiva? Vez por outra vêm me perguntar se eu vou torcer pelo Brasil! Só porque a gente tá na oposição, eles acham que tamos contra a seleção também? Sim, porque entre os méritos do último governo sempre acrescentavam: o governo do Tri! Só pra gente ficar com ódio do Tri. E a gente era besta, a gente era bobão, não sabia das coisas e acabou achando que o Tri fosse gol do governo. Gol deles uma pinóia!</span></i></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt; "><span style="font-family:Meta-Normal;"><span style="font-family:Verdana;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Dessa vez ninguém vai me fazer ficar contra a seleção pensando que eu tô contra o Ato Institucional número 5, não. A seleção é do povo, assim como a greve é do trabalhador!</span></i></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt; "><span style="font-family:Meta-Normal;"><span style="font-family:Verdana;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">A bênção do seu filho,</span></i></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; "><span style="font-family:Meta-Normal;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span style="font-family:Verdana;"></span></span></i></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt; "><span style="font-family:Meta-Normal;"><span style="font-family:Verdana;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Henfil"</span></i></span></span></p></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-56290466454904209372010-06-09T18:35:00.000-07:002010-06-09T18:57:33.445-07:00Carta à mãeMãe,<div><br /><div><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Só hoje eu resolvi desfazer as minhas malas, ainda cogitava desistir da minha fuga, voltar à sua casa pra me esconder novamente debaixo das suas asas e não ter de ir até a padaria caso quisesse pão e leite. Não tentei me convencer de que deveria ficar, esperei a decisão vir de dentro e ela veio. Fiquei aqui e finalmente desfiz as malas.</div><div><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Me alimentei bem nesses primeiros dias, já aprendi o caminho da padaria e a pedir leite e pão ao padeiro, já sei deixar a torrada não-tão-torrada, não-tão-seca, não-tão-oleosa e gostosa como as que você me fazia, já me habituei a forrar a minha cama e às vezes bagunço na esperança de que você apareça e reclame. "Como uma menina é tão sem-ordem nesse mundo, meu deus?"</div><div><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>E tem sido assim, tenho caminhado contra o vento, sem lenço, sem documento, vivido mais do passado do que do presente. E o futuro? Ah, esse nem se vê. Melhor não comentar o que é incerto, é só sentar e esperar comentando o que já foi. Falando sempre no pretérito, claro.</div><div><br /></div><div> </div><div style="text-align: right;">Filha</div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-64348960186825754822010-04-23T09:48:00.000-07:002011-04-15T19:00:42.606-07:00Só o que está morto não muda<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt_m_ScQqfmzIZ9-ZeEUXjOvrlGDUMzydtQBCIcrmA1D10_CRYdZaueSugjTqaZeKucioQnL9LH4eR8DuCr6LUVyOESppjR2DCQZWeS3xIYIom25jyuI7JABBwtnpYqYd6Z0uSbyqUj_gW/s1600/DSCF0463.JPG" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt_m_ScQqfmzIZ9-ZeEUXjOvrlGDUMzydtQBCIcrmA1D10_CRYdZaueSugjTqaZeKucioQnL9LH4eR8DuCr6LUVyOESppjR2DCQZWeS3xIYIom25jyuI7JABBwtnpYqYd6Z0uSbyqUj_gW/s320/DSCF0463.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5463382962438841170" /></a><br /><div><br /></div>Mudei-me. <div><br /></div><div>Vivo agora em outro apartamento, maior, mais ventilado, cheio de cores, árvores e pássaros voando por perto, crianças pulando corda do lado de fora, uma varanda de frente pro mundo, cheiro de tinta fresca, alguns copos quebrados devido aos baques do transporte, perda de alguns objetos dos quais eu só sentirei falta depois, amanhã ou mês que vem, caixas empilhadas no meio da casa e uma preguiça gigante pela própria natureza de colocar tudo de volta no seu devido lugar.</div><div><br /></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7342514212691307494.post-73892363133171236442010-04-05T09:22:00.000-07:002010-04-05T09:47:28.503-07:00Eu mais você<span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;">Os últimos posts do blog vêm surgindo de maneira inesperada (acreditem, até o post anterior, falando sobre o dia internacional da mulher, surgiu de um devaneio após ver um banner festivo) e, como não podia ser diferente, este me surgiu às 5:40 de hoje.</span></span></span><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;">Normalmente, eu abro minha caixa de entrada essa hora (não sei o porquê, só sei que acontece) e eis que hoje eu recebo uma mensagem de título "EuMaisVc Renata-convite". Opa, convite (não lembro quando foi a última vez que me enviaram algum convite), empolgada, ainda bêbada de sono, abri e eu vim aqui só pra compartilhar com vocês (se é que "vocês" existe).</span></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="color:#666666;"><br /></span></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="color:#666666;">"</span></span></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 16px; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="color:#666666;">Olá </span></span></span><em style="font-style: italic; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="color:#666666;">RENATA</span></span></span></em><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="color:#666666;">, </span></span></span></span></div><span class="Apple-style-span" style=" color: rgb(68, 68, 68); font-family:'Segoe UI';font-size:13px;"><p style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 1.35em; margin-left: 0px; "><span style="line-height: 16px; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Você acaba de receber um convite de um(a) amigo(a) para participar da rede </span></span></span><a target="_blank" onclick="onClickUnsafeLink(event);" style="font-weight: inherit; text-decoration: none; cursor: default; "><strong style="font-weight: bold; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#3366FF;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">www.eumaisvc.com.br</span></span></span></strong></a><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">, que é uma rede social para quem quer encontrar pessoas descoladas, e que está crescendo em ritmo acelerado! E o melhor, é TOTALMENTE gratuita. Venha fazer parte agora mesmo, e quem sabe já encontre a sua alma gêmea."</span></span></span></span></p><p style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 1.35em; margin-left: 0px; "><span style="line-height: 16px; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Considerações que devem ser feitas:</span></span></span></span></p><p style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 1.35em; margin-left: 0px; "></p><ul><li><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 16px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Eu tô correndo de redes sociais;</span></span></span></span></li><li><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 16px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Quem enviou esse convite não deve ser chamado de amigo(a);</span></span></span></span></li><li><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 16px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Eu não quero encontrar pessoas descoladas;</span></span></span></span></li><li><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 16px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Desconfio do que é TOTALMENTE gratuito;</span></span></span></span></li><li><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 16px; font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">"Alma gêmea" é papo de menininha tocadora de piano;</span></span></span></li><li><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 16px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Esse convite só me faz lembrar da Ana Maria Braga.</span></span></span></span></li></ul><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 16px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Se você discorda das considerações, me envia um email com uma frase que envolva o nome da rede social que é mais você. Os 100 mais criativos ganharão convites TOTALMENTE gratuitos.</span></span></span></span><p style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 1.35em; margin-left: 0px; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 16px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><br /></span></span></span></span></p><p style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 1.35em; margin-left: 0px; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 16px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#333333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Até a próxima.</span></span></span></span></p></span>Unknownnoreply@blogger.com0