quarta-feira, 4 de março de 2009

Embora eu tenha me fechado como dedos

Nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
De qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio
No teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
Ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
Embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
Me abres sempre pétala por pétala 
como a primavera abre tocando sutilmente, misteriosamente a sua primeira rosa
Ou se quiseres me ver fechado, 
Eu e minha vida nos fecharemos belamente, de repente
Assim como o coração desta flor imagina
A neve cuidadosamente descendo em toda a parte
Nada que eu possa perceber neste universo iguala
O poder de tua intensa fragilidade 
Cuja textura compele-me com a cor de seus continentes,
Restituindo a morte e o sempre cada vez que respira.

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(Zeca Baleiro - Nalgum lugar)

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