segunda-feira, 27 de abril de 2009

Já disseram que a culpa lhe cai bem?

Hoje eu tava voltando pra casa no ônibus quando um homem entrou pra pedir dinheiro aos passageiros, cena aparentemente comum. 
O homem tinha dificuldades na fala, trajava a camisa da seleção (dessas que a gente usa sempre... Sempre que o Brasil ganha a copa ou algum jogo qualquer) e uma bermuda desgastada, seus pés estavam nus, seu cabelo gritava por um corte e sua barba estava "por fazer". Ele parou na frente do corredor e disse que podia estar matando ou roubando, mas não era "cabra safado", então estava ali pedindo a nós, passageiros e cidadãos brasileiros como ele, que ajudassem-no a comprar um 'cafezinho', mas eu já disse que isso é uma cena comum e não foi o que me trouxe aqui.
Ao meu lado estava sentada uma senhora bem-vestida que fez vista grossa ao ver o homem entrar no ônibus e reclamou ao me ver dar dinheiro a ele. Ela argumentou que o dinheiro que eu tava dando seria para a compra de drogas. Eu deixei bem claro que eu sabia da existência dessa possibilidade, mas era bem melhor que eu desse o dinheiro voluntariamente, antes que ele resolvesse matar ou roubar. Ela retrucou dizendo que é tudo culpa do governo, que não dá educação nem emprego aos "menos favorecidos".
Puta que pariu, mania desgraçada de todo o mundo de sempre colocar a culpa no governo, é como diz o ditado popular: Errar é humano, colocar a culpa nos outros é estratégico, colocar a culpa no governo é invenção brasileira. Eu pensei em mostrar a mulher essas coisas que ela com certeza tá acostumada a ver na TV no intervalo das novelas de que o governo é uma vergonha mesmo, mas quem escolhe somos nós, que o governo é o reflexo dos cidadãos, de que você tem que votar consciente e todo esse blá blá blá global, ou ainda que nós somos a maioria, se nós quiséssemos poderiamos sim mudar o nosso governo[/comunista revolucionária], mas me resumi a falar que "é bem mais prático colocar a culpa no governo mesmo, afinal somos nós quem os colocamos lá, se eles não fazem o que devem fazer, tem que servir pra alguma coisa e que essa coisa seja levar a culpa por tudo". A mulher não gostou, se levantou e disse que eu sou cega e não consigo ver a realidade, mas que um dia eu enxergaria tudo. Eu só pude responder a ela que eu não sou cega, sou míope, e a culpa disso nem é do governo.
Brasileiros, principalmente alagoanos, se acostumam facilmente com qualquer coisa. É normal ver notícia de desvio de dinheiro, roubo, CPI, é normal desembolsar dinheiro pra pagar impostos e mais impostos, é normal ver escola pública sem professor ou professores em greve, mas eu nunca vi ninguém se mobilizar, nunca vi ninguém se levantar e gritar 'ô mano, isso aí tá errado, não é assim que a banda toca', nunca vi ninguém dar audiência ao horário eleitoral além dos parentes dos políticos pra ver como eles decoraram bem as falas. Nem eu, que tô escrevendo isso tudo. E se nós realmente estamos tão indignados com os nossos governantes, por que elegemos o Collor em 2006 como senador do estado de Alagoas depois mesmo de ser deposto do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA em 92? Por que ele bonito e simpático? Por que ele foi injustiçado por ser visto por todos como alagoano, apesar de ser carioca? Reflitam.
Agora já chega porque eu sei que esse texto aqui vai ter tanta importância quanto o horário eleitoral.

Obs.: Depois da mulher sair do meu lado e ir embora pra sempre da minha vida, um rapazinho com cara de revolucionário, desses que usam barba e boina pra parecer o Fidel, sentou ao meu lado. Pouco tempo depois um garotinho de no máximo 10 anos entrou no ônibus com a mesma finalidade do homem. O rapaz ao meu lado comentou que o garoto não tinha nenhuma perspectiva de futuro e eu disse que o povo sempre culpa o governo por essas coisas. Ele concordou... Com o povo.
Queridos rapazinhos-revolucionários-de-vitrine, parem de fingir que estão lendo o manifesto comunista e se mexam enquanto são jovens. Lembrem do que a mtv diz todos os dias nos seus programas engajadinhos: os jovens são o futuro dessa nação. 


Parei, agora é sério.

Um comentário:

  1. É como eu sempre digo Rê, quando eu crescer vou casar com você!!!
    Lua.

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