domingo, 16 de agosto de 2009

Mulheres independentes do século XXI

Tudo começou quando Deus resolveu criar um ser à sua imagem e semelhança, ao qual deu o nome de homem. Ao perceber o erro que cometeu dando aos gametas do mesmo apenas metade dos cromossomos suficientes para reproduzir, tirou-lhe uma costela e a partir dela criou um outro ser, que possuiria a outra metade dos cromossomos em seus gametas e a missão de carregar dentro de si o fruto da união dos 46 cromossomos e cuidar dele e do possuidor da metade dos cromossomos pelo resto da vida. Ao último ser deu o nome de mulher.

Até o início da revolução industrial, séc. XVIII, a mulher tinha como função ter filhos, cozinhar e ser zelosa para com seu marido. Durante todo este interim, a mulher esteve submissa aos homens e ao trabalho doméstico, não era vista como cidadã nem recebia remuneração por qualquer trabalho que realizasse.
Com a substituição do artesanato pela manufatura, início da revolução industrial, houve um aumento na procura por mão-de-obra. A construção das ferrovias exigiu um grande número de trabalhadores braçais, provocando a utilização de mulheres e crianças como trabalhadores nas fábricas, o que marca não só a revolução industrial, mas também uma revolução social, inserção da mulher no mercado de trabalho.
As mulheres trabalhavam cerca de 14 horas diárias em locais fétidos sob condições sub-humanas, não recebiam salários justos. Tais condições geravam revoltas e frequentes protestos, os trabalhadores (homens, mulheres e até mesmo crianças) saíam às ruas em busca de melhores condições de higiene, diminuição da carga horária e salários proporcionais ao trabalho realizado.
Algum tempo depois das primeiras manifestações trabalhistas as mulheres passaram a exigir seu direito ao voto e a igualdade de direitos para mulheres e homens. Deu-se início ao que conhecemos hoje por feminismo.
Depois de muito lutar, as mulheres conseguiram seus direitos reivindicados. Hoje podem frequentar as salas de aula e dividir locais públicos com homens, participam ativamente da política, fazem suas escolhas pessoais, casar ou não, ter filhos ou não, casar com João ou José, usam minissaias e saem às ruas semi-nuas sem estar ferindo a moral da sociedade, estão amparadas por lei contra a violência masculina (lei maria da penha) e conseguiram levar ao congresso a discussão acerca do seu direito ao aborto. Mas isso é só na teoria.
A desvalorização da mão-de-obra feminina ainda é percebida, as mulheres são discriminadas pelos homens em seu ambiente de trabalho, principalmente quando exercem uma função tipicamente masculina, e recebem salários mais baixos. Raramente são eleitas como representantes de um estado, por serem mulheres, sofrem repreensão se frequentam locais normalmente frequentados por homens, levam em conta o que impõe a sociedade para tomar suas decisões, são malvistas se decidem casar com João, em vez de casar com José, e ainda sonham em construir uma família.
Talvez o que chamam de independência feminina seja o fato de que agora eu posso dividir a conta a lanchonete sem ficar vergonhoso para o rapaz que me acompanha.
Ou não.

Quem sabe a criação de gametas masculinos em laboratório não reverte esse quadro.
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