segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Verão de 1980.

A sua juventude foi igual a de qualquer jovem livre na década de 80, tinha muitos amigos, viajavam juntos, não dormiam por noites e não sentiam a menor indisposição. Estavam sempre dispostos a se arriscar por esse Brasilzão afora.
Em seu minúsculo apartamento há apenas uma cama, um velho fogão e um pequeno armário, onde guarda as poucas roupas que lhe restam, muitos livros antigos, algumas cartas e fotos que retratam sua alegre juventude. Todo o resto está apenas guardado na memória. Ah, e que boa memória tem!
Caminha todos os dias do seu minúsculo apartamento até a praia. Lá, não pode fazer nada mais que admirar o mar, esperando que ele lhe traga a juventude de volta, ou que leve embora suas lembranças. 
Ao voltar de sua caminhada diária, prepara um café forte, deita em sua cama, acende um cigarro e observa, atentamente, a fotografia mais especial de todas: 
Verão de 1980, um casal de jovens está abraçado, estão sorridentes, parecem estar cheios de planos para o futuro. Aqueles jovens carregam nos olhares a felicidade por estarem juntos e por tudo aquilo ser eterno.
Ela, a jovem da fotografia, apenas chora ao ver que a eternidade não passa de uma ilusão e ainda espera que um dia possa reencontrar aquele jovem, o que parece ser impossível. Ah, mas que idiotice a sua, ele deve estar casado, com filhos, deve viajar nas férias com a família, já não deve freqüentar a mesma praia e nem deve lembrar daquele verão de 1980.
Devia ter renunciado tudo o que sua família havia planejado para ela. Afinal, qualquer coisa seria melhor do que terminar sozinha num apartamento e arrependida do que não fez por ter sido covarde.
Hoje, só lhe restam as lembranças guardadas na memória e aquela foto que está cada dia mais amarelada e mais melancólica. Já pensou em jogá-la fora, mas ela é o que traz a esperança de reencontrá-lo algum dia e poder começar tudo de novo

 E é essa esperança que lhe mantém viva.

3 comentários: