terça-feira, 31 de março de 2009

Decifro-te ou devora-me


Ser devorada por ti não é má ideia, mas decifrar-te é uma necessidade que vem de dentro de mim desde o nosso primeiro encontro. Tal necessidade incomoda, machuca, manifesta-se nos momentos mais incovenientes e me transforma no ser mais inseguro e medroso que nunca foi visto. Esconde-se nas pontas dos meus dedos e resolve, repentinamente, invadir toda a minha mão, meu braço, meu ombros, meu pescoço, meu eu. Eu só quero que você entenda que eu preciso como nunca decodificar-te e colabore com a minha busca para encontrar a palavra-chave que fará você entregar nas minhas mãos o antídoto que representa a cura para essa minha enorme dependência de te ver ao meu lado segurando minha mão e me guiando por caminhos por mim desconhecidos e tão familiares a você. Mas você é incapaz de me dar uma pista sequer, você quer me ver desistir, quer me dar xeque-mate, quer ter a vitória nas suas mãos e poder devorar-me com triunfo. Ah, eu não desisto tão fácil, tenho buscado em tudo e todos a resposta e tenho esperanças de poder te decifrar e virar as costas para você sem sentir meus membros desobedecendo minhas ordens tentando te seguir. 
Mas nada que eu encontro é capaz de me mostrar um caminho. Só você me mostra caminhos. Caminhos que me atrapalham mais e mais. A cada passo que damos você se torna mais complexo e eu me torno mais confusa. 
Essa confusão associa-se à minha dependência e juntas tomam, além de todos os meus membros e orgãos, minha lucidez e capacidade de resistir a qualquer reação sua. Cada passo seu que faz você se distanciar de mim me joga dentro de um abismo, cada sorriso me faz mergulhar na fantasia, cada palavra que sai da sua boca me desliga do mundo real.
Eu entendo que vou demorar para conseguir te decifrar e sei que você tem pressa, então faremos um acordo: decifro-te à proporção que devora-me.
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