terça-feira, 10 de março de 2009

Monalisa é pop

O que antes estava protegido por vitrines a prova de balas, parafusos e senhas, agora está sendo retratado nas capas de caderno, telas de cinema e discussões sem fundamentos. As pinturas ainda foram desmontadas para quebrar cabeças e se tornaram fantasias de carnaval.. A arte Renascentista, que pregou a valorização da inteligência e o antropocentrismo, voltou com tudo no século XXI e pode ser vista estampada em camisas, almofadas, anúncios publicitários, quadrinhos, pôsteres e nas páginas de jornais e revistas (isso, quando não estão estampadas na capa com um puta título “MISTÉRIO”). 

A arte renascentista atualmente é só mais um produto na indústria cultural. Exemplos disso são as pinturas de Da Vinci (Monalisa e A última ceia) que era um pobre pintor que só queria retratar uma nobre pra descolar grana e o que está escrito na bíblia, mas gerou diversas polêmicas acerca do belo sorriso da Gioconda e da combinação de roupas que os personagens vestiam no momento em que Jesus pegou o pão e disse “este é o meu corpo...”.

Vale ressaltar que esta vulgarização não está ligada à arte em si, mas ao homem. As características da arte estão sempre ligadas às condições sociais dos indivíduos que a fazem, e isso é facilmente percebido ao analisarmos o passado. Vejam que o renascentismo foi marcado pela valorização do homem (antropocentrismo), numa época de diversas descobertas científicas, nascimento de uma nova classe social (burguesia), ligada ao comércio, e da reforma religiosa, o que é oposto a era medieval, onde a vida devia ser centrada em Deus (teocentrismo). Atualmente não se sabe exatamente no que o homem está centrado, por isso não sabemos o tipo de arte que teremos futuramente, mas existe certo receio quando analisamos as possibilidades. O indivíduo parece estar cada vez mais desfocado, a medida em que a humanidade avança.

A única certeza que nós temos é a de que o homem se afasta cada vez mais de si, tornando-se sujeito a experiências de todos os tipos, assim como um falso modelo que posa para um falso pintor. Da Vinci não imagina, mas o homem hoje é uma Monalisa transformada.

5 comentários:

  1. Rê, devo dizer que esse o texto mais ''fundamentado'' que vc já escreveu.

    Nota 7

    Talvez melhore ;)

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  2. Concordo com o fábio, mas realmente o texto ficou bem fundamentado e centralizado num assunto bom de se comentar.
    Valeu, Rê.

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  3. Muita informação!
    Deve ter sido uma bela pesquisa, hein?

    Gostei mesmo do texto! *:

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  4. Eu fiz um comentário enorme sobre o que eu achava disso e a merda aqui caiu e o comentário não foi. :~


    Enfim, resumindo: apesar de não concordar com você, achei incrivelmente inteligente a forma como você defendeu sua opinião, é raro a gente achar gente que saiba o que fala nessa merda de internet.

    e eu tenho saudades, Renatinha. :*

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  5. *respiraaaaaaando...*
    Cara, gostei. Mas prefiro você escrevendo outro tipo de texto.
    Aliás, é triste ver que até no tipo de coisa que você não é especialista, ainda é melhor do que eu. Qualquer dia ainda cometo blogcídio.

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