segunda-feira, 8 de março de 2010

Mexo, remexo na inquisição

Hoje é dia internacional da mulher, quando toda a gente, mulher ou não, ouve aquele blá blá blá nos meios de comunicação. Tentativas, muitas vezes frustradas, de definir o que é a mulher, quando não se resumem a dizer que a mulher é um ser impossível de se compreender e, em virtude disso, deve apenas ser amada. Porém, apesar de frustradas, as propagandas veiculadas nos emocionam e fazem com que as pessoas ao redor ouçam muxoxos do tipo "ouuuuun".
Mas a imprensa leva em consideração apenas pequenos fatos, como a sensibilidade, a maternidade ou poder fazer tudo em cima de um salto 15.
Para ser mulher não é necessário ser sensível, chorona, dependente de carinho, mãe, dona de casa, ter TPM ou curtir salto alto. Para ser mulher é necessário apenas não possuir um cromossomo Y, o que não é difícil, levando em consideração que as chances para que não se possua um cromossomo Y são 3 vezes maiores do que as chances de que se possua, mas longe de mim desprezar a condição mínima para a existência desse ser (que dizem ser) tão complexo que é a mulher, levando em consideração que eu sou uma delas.
Ao contrário do que se diz (erroneamente) sobre os homens, nem todas as mulheres são iguais, e é por isso que fascina tanto a todos, por isso que existem as musas inspiradoras e não os musos. Mil poetas exaltaram a mulher, suas curvas, sua timidez, sua elegância, sua serenidade, seus traços suaves, sua dedicação aos machos e seu amor aos filhos.
Ontem foi diferente, ouvi um homem falar que era importante a presença da mulher na vida política dos países, porque são todas sensíveis e dotadas de um sentimento de compaixão e assim não haveria tantas guerras. Foi aí que eu vi que os homens realmente não conseguem entender a alma feminina, as mulheres são competitivas pela própria natureza, imagina se a partir de amanhã as mulheres passassem a governar o Oriente médio e a Hillary Clinton estivesse no lugar do Obama: intensificariam-se as guerras em busca de petróleo, obviamente, pois, para quem não sabe, o ouro negro é matéria-prima para um bem indissociável da mulher: Cosmético.
Mas, enquanto não se escreve algo mais adequado para ser postado nesse blog, que não é feminista nem machista, eu passo a palavra ao Nelson Rodrigues, quem sabia muito mais do que essa mísera aspirante a jornalista:

"Na 'mulher interessante', a beleza é secundária, irrelevante e, mesmo, indesejável. A beleza interessa nos primeiros quinze dias; e morre, em seguida, num insuportável tédio visual. Era preciso que alguém fosse, de mulher em mulher, anunciando: — "Ser bonita não interessa. Seja interessante!".

*O título do texto foi extraído da música "Pagu", composta pela parceria entre Zélia Duncan e Rita Lee.

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