sábado, 21 de julho de 2012

O ser e o nada (ou sobre o bom mau uso de expressões)


Apesar de o título desse projeto de texto ser homônimo a algum livro do Jean-Paul Sartre, nada ele terá a ver com o livro, primeiro porque eu não li (juro que já tentei) e segundo porque eu não sei exatamente sobre o que eu vou começar a escrever aqui, apenas achei que isso daria um tom mais cult ao meu texto e ser cult é fundamental para ser lido nesses tempos de pós pós pós modernidade.
E tudo isso me faz lembrar o dia em que eu estava tentando terminar um projeto de artigo (as coisas que faço nunca são fato, sempre são projetos) e descobri que o Antônio Cândido me ajudaria a finalizar. Passei pela biblioteca e puxei o primeiro livro do Tonho e o primeiro capítulo se chamava "Dialética da Malandragem". Como eu tava escrevendo sobre um bróder que fazia releituras sobre as músicas de outras pessoas e fazia sucesso assim, achei que Malandragem tinha tudo a ver com ele e que Dialética daria um tom mais acadêmico ao meu texto, por isso aluguei o livro e trouxe pra casa. Li o primeiro capítulo e descobri que nada daquilo serviria para o que eu procurava, mas mesmo assim usei a expressão "Dialética da Malandragem" no meu texto e ainda dei créditos ao Toinho. Acho que isso é o que pode se chamar de dialética da malandragem na prática.
Isso que eu fiz é o que eu chamo de Livre Associação, que nada tem a ver com a Livre Associação proposta por Freud pra fazer com que o inconsciente de seus pacientes se manifestasse através de atos-falhos ou je ne sais quoi (não-sei-o-quê em francês, pra dar o tom cult). Essa livre associação proposta por mim seria a incorporação de uma expressão apenas para dar ao texto/discurso um tom mais chique-à-vontade, cult, acadêmico, literário ou je ne sais quoi.
Uma “Livre Associação” que vem sendo feita há anos-luz (!) é o uso do “Literalmente”, que está sendo LITERALMENTE banalizado. E com essa afirmação, dispensam-se exemplos do mau-uso, ops, da livre associação feita com essa expressão.
Se Freud começar a se revirar no túmulo pelo “mau uso” que estou fazendo da expressão que ele há de ter criado com tanto zelo, perdoar-me-á (mesóclise pra ficar cool) quando perceber que eu não sabia sobre o que escrever e comecei a fazer livres associações (do tipo proposto por ele) até chegar a essa última linha e esse ponto final.

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