domingo, 8 de abril de 2012

Crimideia

Foram tantos crimes cometidos em pensamento.

Tantos pescoços foram esganados, pisoteados e tantas armas de fogo foram disparadas na direção de cérebros e corações. Foi tanto rancor descontado em pensamentos nojentos, sem censura. Tantos corpos foram rasgados com faca de cortar pão ainda vivos, tantas vísceras foram expostas ao público que passava e ria.

"Quem vai moralizar o pensamento?", pergunta Nelson Rodrigues. Ninguém, respondo eu com a imagem de um amontoado de gente envolta em sangue. Gente com rostos conhecidos, que me pedem um pouco de dó e eu grito que jamais, porque aqui dentro sou livre para cometer o crime que desejar, aqui me livro de quem me incomodar.

Meu pensamento é meu reino e aqui sou absoluta. Não permanece com sorriso estampado no rosto quem não me agrada, não permanece com vida quem me olha torto.

E ninguém sabe disso. Ninguém supõe que atrás de um sorriso existe um campo de concentração maior que auschwitz. Existe um ditador pior do que Stalin, que ao atravessar o limite entre pensamento e ação olha e implora "digam que me amam e não penso mais"

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