quarta-feira, 4 de abril de 2012

Poderia até pensar que foi tudo um sonho

De repente numa roda de amigos a conversa chega, sabe-se lá como, em "o que estávamos fazendo há exatamente um ano?" e o que aparentemente não passa de uma simples dinâmica de grupo te leva a parar e a pensar no nessa impermanência das situações em geral.
A vida é puro verbo irregular, se agora sou agora deixei de ser e agora ainda serei. Eu fui, eu sou e eu serei simultaneamente. Nós fomos, nós somos e nós seremos. Tudo ao mesmo tempo agora. Ano passado passou e quem eu era passou e quem eu estou sendo há de passar e quem eu serei há se passar e até este texto há de passar.
O presente não existe, diria a professora de fotografia, o fotógrafo vive na busca de antecipar o futuro. Mas só o fotógrafo?
Pior do que o fotógrafo somos nós, meros "vivedores", que buscamos o tempo todo antecipar o amanhã anotando compromissos em nossas agendas e nem percebemos que quase nunca a consultamos e que acabamos mudando todos os nossos horários pelo ônibus que atrasa, pela chuva que cai, pelo despertador que não toca ou pelo simples esquecimento.
Enquanto digito esta palavra minha cabeça antecipa esta aqui agora e agora esta e agora esta e agora esta. E agora ela me recorda Bruna Beber, que me diz que não quer se especializar em fabricar certezas.Tudo passa. Até o pra sempre é passado. E, se há poucos segundos eu pretendia escrever mais um parágrafo, agora já não vejo necessidade ou inspiração para tanto.

É de se entregar à sorte.

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