segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Faço longas cartas pra ninguém

Querido ninguém,
Não sei por que estou a escrever esta carta. Vai ver é por causa do ócio que toma conta de mim ou pela necessidade de me expressar sobre o que se passa nesse mundo de todo o mundo. A vida por essas bandas anda meio sem sentido, ou talvez por completo. As pessoas não sabem se devem ir para a esquerda, para a direita, se devem seguir em frente ou se devem dar alguns passos para trás. Talvez para seguir em frente seja necessário dar antes alguns passos para trás e rever alguns conceitos formados em algum passado distante ou próximo. Deve ser por conta dessa trabalheira toda que resolveram ficar onde estão. Essa busca incessante por um sentindo nem tem uma razão concreta mesmo... Acho que é só porque as pessoas são muito ambiciosas, elas sempre querem mais, e mais, e mais... Nada está bom para elas. Não que eu esteja conformada com a situação do mundo. Eu estou preocupada com o futuro dos palestinos e com o aquecimento global, porém a preguiça não me deixa fazer nada. Que diferença faria a minha participação? Eu sou uma parte insignificante da população mundial... Agora eu percebo que é porque existem pessoas como eu que as coisas acontecem, mas eu não consigo ficar mal por isso, tenho problemas maiores que as geleiras derretendo  para resolver e só eu os percebo. Meus problemas nem são tão grandes, por isso ninguém os enxerga, mas quando eu tento enfrentá-los estou sempre sozinha e eles se transformam em monstros. Eu procurei por uma solução em livros de auto-ajuda, só que eles não me dizem nada muito útil e só surtem efeito nos primeiros 30 minutos pós-uso. Eu acho que meu maior problema é o medo que tenho dos meus problemas e às vezes choro. Eu não gosto de chorar, sabe? Mas às vezes é inevitável. Não que chorar seja ruim, dizem que limpa o coração, leva embora as mágoas... É que borra a maquiagem. Eu há algum tempo criei uma teoria sobre o uso da maquiagem, minha teoria diz que hoje ninguém pode viver sem maquiagem, sem uma máscara. Usar uma máscara não é necessariamente ser falso, sabe? É só proteger a cara do mundo de todo o mundo. É que ele anda perigoso. Você deve me entender, ninguém, é a única pessoa que me entende no mundo. Ah, um dia desses lembrei de você, é que eu achei que seria legal criar um mundo meu e pessoas minhas, que me entendessem como você, mas eu percebi que já estou um tanto velha para tentar fugir da realidade por meio de amigos imaginários. Faltam 18 dias para o meu aniversário. Não que eu esteja contando os dias para isso, provavelmente será um dia qualquer, só que com a presença de muitos (ou poucos) "parabéns pra você". É que eu acabo ficando um pouco feliz. A cada aniversário que passa parece que eu ganho mais maturidade, mais conhecimento. Eu lembro de um aniversário que eu passei só com meus pais e um bolo de chocolate com direito até a velinhas. Qualquer um diria que foi seu pior aniversário, mas eu gostei daquilo tudo, eu senti a mesma sentação de maturidade e conhecimento a mais. E eu adoro chocolate e lugares com poucas pessoas! Acho que sou meio anti-social, ou maluquice seja mais um dos meus problemas. E, por falar em maluquice, eu percebi que tenho medo do meu armário. Meu passado parece estar todo contido lá dentro. Todas as vezes que eu o abro encontro uma fotografia antiga ou as cartas que ficam lá, sem serem remetidas. Isso me transporta para um tempo bom e faz com que eu sinta uma coisa parecida como o efeito rivotril, euforia seguida de depressão... Melancolia... Nostalgia. É, "nostalgia" é a palavra certa. É que eu sinto saudades do passado, mas não consigo voltar pra lá por mais de 30 segundos. Eu não quero mais me preocupar tanto com o passado, tenho que pensar no hoje e no amanhã. Para o hoje eu só acho que preciso ler mais livros ou ver mais filmes, eu prometi isso a mim na virada do ano, mas só você, ninguém, leva a sério essas promessas de fim de ano. Talvez eu não consiga cumprir com minha promessa, o tempo tá mais efêmero que o normal. Parece que foi ontem que eu estava pulando sete ondinhas e fazendo pedidos e promessas. Não que eu acredite que meus pedidos venham a se concretizar um dia, mas eu estava lá, só pra não quebrar paradigmas. E agora é o carnaval que tá aí, né? Eu ouvi o Lázaro Ramos falando que no carnaval é obrigatório ser feliz. Esse paradigma eu faço questão de quebrar, eu não me sinto feliz no carnaval, não gosto do barulho dele e da bagunça que ele causa. Mas sabe como é, eu nasci num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza onde em fevereiro tem carnaval. Um dia eu fujo pro Alaska, se as geleiras ainda existirem...
Vou parando de escrever aqui. É que a carta já tá longa e eu preciso fazer as malas. Sabe, vou viajar amanhã, acho que vai ser bom ficar sozinha por um tempo num lugar que, primeiramente, parece ser habitado só por você, ninguém. Volto em 10 dias e escrevo como foi minha passagem por aí. Talvez eu escreva antes, se eu encontrar papel e caneta.

3 comentários:

  1. eu num li (preguiça de ler poste grande),mas pra comentar o titulo:socializa minina.XD

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  2. idem! faço logas cartas pra ngm u-u
    também tenho necessidade de me expressar sobre o que se passa nesse mundo que Fingimos que está tudo bem enquanto está tudo desabando.Hoje em dia se você não tem um pouco de locura: não sobrevive.Perdi a linha de raciocínio então passando pro final do seu post diga-se de passagem mt bom :) Ficar sozinha pra mim é ótimo e como diz a música do lenine "hoje eu quero sair só" ficar a sós com você mesma abre um mundo de possibilidades.

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  3. Primeiro, excelente post, como sempre. Ahn... eu não uso maquiagem. Não que eu já tenha necessariamente me achado normal, mas começo a duvidar que eu talvez não tenha muita coisa em comum com... o resto dos seres da minha espécie. Enfim. Não sei se tem acesso a computadores aí, ou se só vai ver o comentário quando ele já não fizer tanto sentido, mas você faz falta. E quando você voltar, precisamos ter uma séria conversa sobre a sanidade mental do Balduíno, e uma possível ida dele a um psicólogo.
    Saudades.

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