quinta-feira, 30 de abril de 2009

Carpe diem


Talvez tudo acabe como é convencional: Sua mão desprendendo-se da minha, você virando-se, caminhado lentamente, enquanto eu fico parada, vendo você ir esperando que se arrependa e volte ou um último olhar, até se tornar um ser minúsculo diante dos meus olhos e uma dor enorme no meu peito. Um gosto amargo na boca, peso na consciência. Pó. Eu me viro, vou embora, chego em casa com os olhos encharcados, bato a porta do quarto, jogo tudo o que me faz lembrar você, deixando só aquilo que eu sei, ao menos acho, que não será nocivo.

Ou talvez tudo pareça ter acabado repentinamente, em uma tarde de sábado ou noite de domingo, em uma manhã de segunda-feira eu ou você decidimos ir embora, e então nós nos despediremos em algum dos nossos mil lugares preferidos. Estaremos sentados frente a frente em silêncio, você de cabeça baixa, eu olhando fixamente suas mãos trêmulas, esperando algum movimento a mais, algum suspiro, alguma palavra ou frase que não seja 'adeus' ou 'foi bom enquanto durou', muito menos palavras irônicas como 'quem sabe um dia nos esbarramos por aí" ou ainda... Você levanta a cabeça e apresenta todos os problemas que podem ter acabado conosco, apresenta as razões para seguirmos caminhos opostos dali em diante, viver em outro espaço, outro meio, lembra  que nós sempre parecemos viver em tempos diferentes mesmo, sempre tivemos divergências e... O silêncio volta a prevalecer. Torna a baixar a cabeça, olho para o infinito, reflito sobre o que é realmente o início, o meio, o fim. Nosso início foi bem antes, estava distante dali, quase inalcançável, seria inútil tentar voltar até lá, arrancar páginas e mais páginas, talvez as páginas onde se encontram nosso início não tenham fim, ele foi anterior a mim, a você, ao dia em que eu cheguei no ponto em que minha estrada cruzava com a sua e parei pra esperar você... 
Eu procuro uma caneta e, tentando mudar o fim, rabisco em algum guardanapo:

Supere o espaço e o que nos resta é o aqui
Supere o tempo e o que nos resta é o agora
Entre o aqui e o agora
Nós poderíamos viver o carpe diem.

Um comentário:

  1. LINDO, Renatinha!

    Cara, lindo, lindo mesmo! *-*
    Você sempre me faz ter vontade de usar mais o blogspot só pra ler seu blog.

    :*

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