sábado, 4 de julho de 2009

Meidi no Zéua

Se o leitor é dado à contemplação de 'fenômenos' como eme cí flai, djonas bróders e outras bandas norte-americanas, adolescentes ou não, que espere por outro texto. Mas, por mais ridículo e careta que lhe possa parecer o que eu escreverei, sempre lhe digo que é interessante saber o que se passa na minha cabeça.
No mês de maio do corrente ano os dois fenômenos adolescentes internacionais passaram pelo Brasil.
Com seus rostinhos angelicais e reboladinho meidi no zéua, os irmãos Djonas atraíram, em São Paulo, 45 mil de garotinhas, gays, simpatizantes e mães superprotetoras, que desembolsaram de 200 a 600 dinheiros, para vê-los (apenas a Sasha, filha da Susha, teve o prazer de vê-los e tocá-los).
A banda Mc fly foi mais longe, literalmente, com uma parada em Recife, onde atraiu fãs até de ALAGOAS. E é aí que eu quero chegar.
O estado de alagoas, que é berço de boa música e possui uma cultura riquíssima, ainda sofre na área com a desvalorização por parte dos seus filhos. Qual não foi o meu espanto ao entrar num concurso de bandas independentes, que é promovido todos os anos, e me deparar com bandas que tinham como influência apenas bandas norte-americanas (ou brasileiras com influência norte-americanas, como fresno, nx zero e daí pra pior), principalmente bandas de hardcore, indie e punk rock.
Não que eu estivesse esperando por pessoas com franjinhas e alargadores tendo nas mãos zabumba, triângulos e sanfonas cantando forró pé-de-serra ou com um pandeiro imbolando, quando eu fui até lá já esperava que a maioria das bandas fossem compostas por adolescentes com guitarra, bateria e baixo numa disputa para saber quem conseguia fazer o som mais ensurdecedor e desagradável, como em todos os anos que eu presenciei tal evento. O meu espanto se deu apenas por não ter sido surpreendida com alguém que olhasse para o público e dissesse, lendo o release "eu tenho como influência o batuque do araketu", "minha banda é influênciada pela batida do nação zumbi" (eu sempre espero inovações, principalmente em disputas) ou tivesse como influência bandas mais retrô como os mutantes ou legião urbana.
Eu lembro como em todas as edições passadas havia sempre uma banda tocando "que país é esse" ou "blues da piedade". Nunca vi ninguém tocar cordel do fogo encantado ou Luiz Gonzaga, nada era 100% nordestino, mas eu ficava feliz, via bons artistas brasileiros sendo resgatados, achava que sempre marcariam presença no evento. Daí este ano eu fui lá com as letras do legião urbana memorizadas, aprendi umas novas, tava empolgada e saí de lá decepcionada, trazendo para casa o peso de ver a cultura alagoana sendo substituída pela norte-americana, sentindo na pele a tal "difusão cultural", vendo Alagoas ser o tal do oprimido e os EUA sendo o tal do opressor, mas isso não é novidade pra ninguém, então fiquem aí com a música alagoana e sejam felizes (oprimidos, porém felizes):

Os 20 primeiros que baixarem as músicas ganharão a salvação da influência estrangeira.
Os que vierem depois também.

Hare baba!

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